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A Europa importa mais petróleo e gás russos do que gasta em auxílio à Ucrânia

Apesar do inflamado discurso europeu, pacotes de auxílio à Ucrânia em guerra foram menores que suas importações de energia russa

El Salto
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante chamada com o emir do Catar Tamin bin Hamad Al Thani. (Foto: President of Ukraine / Flickr)
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante chamada com o emir do Catar Tamin bin Hamad Al Thani. (Foto: President of Ukraine / Flickr)

Um dia de celebrações e apoio a Volodimir Zelensky, presidente da Ucrânia. 37 líderes internacionais, incluindo os que foram a Kiev e os que deram seu apoio por videoconferência, atenderam ao chamado de Zelensky nesta semana para responder o choque produzido pela solução proposta por Donald Trump para o conflito, que envolve solapar a soberania da Ucrânia e estabelecer novos termos de colaboração com Vladimir Putin, até então desprezado.

António Costa, presidente do Conselho Europeu, e Ursula Von der Leyen foram os principais representantes na reunião em Kiev, que também contou com a presença do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez. “Somente a Ucrânia pode decidir quando começarão as negociações de paz”, disse Costa. Von der Leyen anunciou um novo pacote de ajuda de 3,5 bilhões de euros para o governo de Zelensky.

O próprio Sánchez anunciou um novo pacote de ajuda militar no valor de 1 bilhão de euros para o povo ucraniano, mais do que os 785 milhões de euros fornecidos nos três primeiros anos da guerra.

“A União Europeia continuará fornecendo à Ucrânia apoio financeiro regular e previsível, inclusive para a reconstrução do país no pós-guerra”, disseram Costa, Von der Leyen e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, em uma declaração conjunta.

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O esforço financeiro da UE para sustentar Kiev contrasta com as necessidades de combustível atendidas pelo petróleo, gás natural e carvão russos. Um relatório publicado pelo Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA) observa que, no ano passado, as importações da UE de combustíveis fósseis russos, em particular, totalizaram 21,9 bilhões de euros. Isso é um sexto a mais do que o valor da assistência europeia à Ucrânia, de acordo com informações coletadas pelo Instituto Kiel, que monitora a cooperação.

“É digno de nota que as importações da UE de combustíveis fósseis russos no terceiro ano da invasão excederam os 18,7 bilhões de euros de assistência financeira que a UE enviou à Ucrânia em 2024”, observam os autores do relatório. Além disso, eles observam que, apesar das sanções, os estados-membros da UE gastaram 7 bilhões de euros em gás natural liquefeito russo no terceiro ano da invasão, com volumes que aumentaram 9% em relação ao ano anterior.

A Rússia obteve lucros de 847 bilhões de euros com o comércio de combustíveis fósseis desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

A reviravolta desde o telefonema de 12 de fevereiro entre Trump e Putin deixou Zelensky em uma situação delicada. Trump apostou em um acordo que dê aos EUA acesso a minerais do solo ucraniano. “Não vou assinar algo que dez gerações de ucranianos vão pagar depois”, defendeu o presidente ucraniano.

(*) Tradução de Raul Chiliani

El Salto El Salto é um meio de comunicação social autogerido, horizontal e associativo espanhol.

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