Sirenes de alarme e rastros de fogo iluminando o céu se tornaram uma cena cotidiana nas cidades israelenses nos últimos quatro dias, à medida que o Irã continua a responder com ondas de mísseis balísticos após Israel ter iniciado a guerra contra o país. O ataque israelense ao Irã também continua, com ambos os lados prometendo intensificar o confronto militar.
No domingo (15), Israel anunciou que bombardeou vários alvos em todo o Irã, incluindo o aeroporto da cidade de Mashhad, a mais de 2.300 quilômetros de distância das bases israelenses. O exército israelense afirmou ter incapacitado todas as defesas aéreas iranianas e supostamente liberado o espaço aéreo iraniano para operações aéreas israelenses, enquanto agências de mídia iranianas continuam afirmando que as defesas aéreas iranianas continuam operacionais e foram acionadas durante todos os ataques israelenses.
Israel também anunciou ter assassinado várias figuras importantes das instituições militares e de segurança do Irã, incluindo o chefe da inteligência militar da Guarda Revolucionária Iraniana.
Na sexta-feira, 13 de junho, o Canal 14 de Israel informou que o gabinete de guerra israelense havia aprovado um plano para forçar o deslocamento de iranianos de Teerã, a fim de pressionar o governo iraniano. Seguindo o modelo da conhecida “Doutrina Dahiya” de Israel, implementada no Líbano e em Gaza, o plano pretende destruir a infraestrutura civil com força avassaladora e matar civis, pressionando assim a liderança inimiga por meio de sua população civil.
Na segunda-feira (16), o ministro de Defesa de Israel, Israel Katz, disse que “os residentes de Teerã pagarão o preço”. Mais tarde, ele respondeu às críticas de que estava admitindo atacar civis, afirmando que queria dizer que Israel notificaria os iranianos para evacuar locais próximos a alvos do governo.
No mesmo dia, ataques israelenses atingiram o centro de Teerã, incluindo a emissora de televisão estatal que transmitiu o momento em que sua âncora teve que interromper a transmissão enquanto o estúdio tremia. Katz admitiu em um comunicado que Israel havia de fato atacado o prédio da televisão, acrescentando que Israel “continuaria atacando o regime iraniano em todos os lugares”.
“Destruição sem precedentes” em cidades israelenses
Mísseis iranianos bombardearam cidades israelenses em repetidas salvas durante o fim de semana, penetrando nas defesas aéreas e atingindo vários alvos em Haifa, Tel Aviv e outras cidades na região metropolitana de Tel Aviv. Mísseis iranianos atingiram prédios em Bat Yam, a leste de Tel Aviv, destruindo e danificando vários prédios, enquanto no sul de Tel Aviv, em Rohovot, um míssil iraniano atingiu o Instituto Weizman de Ciência, causando danos significativos, segundo a mídia israelense.
Mísseis iranianos também atingiram uma refinaria de petróleo em Haifa e a fábrica da empresa de armas Rafael no golfo de Akka, ao norte de Haifa, bem como a cidade palestina de Tamra, perto de Haifa, matando quatro palestinos com cidadania israelense.
Autoridades israelenses teriam dito ao Canal 13 de Israel que a destruição na área metropolitana de Tel Aviv foi “sem precedentes” e “nunca vista antes”.
Enquanto isso, o primeiro-ministro israelense afirmou novamente que Israel tinha como objetivo destruir as “ameaças nucleares e de mísseis” iranianas, pedindo aos residentes de Teerã que fugissem. A Guarda Revolucionária Iraniana, por sua vez, pediu aos israelenses que deixassem Tel Aviv, enquanto a mídia estatal iraniana informou que o Irã estava se preparando para “um grande ataque” a Israel.
No domingo (15), a agência de notícias iraniana Tasneem informou que o Irã estava estudando a possibilidade de fechar o estreito de Ormuz, que fica entre o Golfo Pérsico e o Mar Arábico, e por onde passa cerca de 20% do petróleo mundial. Se tomada, a decisão teria repercussões econômicas em todo o mundo.
Na segunda-feira (16), o Ministério das Relações Exteriores iraniano disse que o parlamento iraniano estava preparando um projeto de lei para se retirar do tratado de não-proliferação nuclear.
A guerra destacou o papel desempenhado pelos EUA e a possibilidade de envolvimento direto dos EUA em um ataque ao Irã. Na segunda-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse à imprensa na cúpula do G-7 no Canadá que um acordo entre Israel e Irã “ainda é possível”, instando o Irã a voltar à mesa de negociações. O Irã, notavelmente, já estava em negociações com os EUA sobre um acordo nuclear quando Israel lançou seu ataque ao Irã na semana passada. Quando questionado sobre o que seria necessário para que os EUA entrassem diretamente na guerra, Trump respondeu que preferia não falar sobre o assunto.
Guerra entre Irã e Israel ofusca massacres em Gaza
Enquanto isso, Israel continua seu ataque a Gaza, já que o bombardeio implacável da Faixa não cessou desde que o país lançou seu ataque ao Irã. Só na segunda-feira, fontes médicas palestinas relataram que 43 palestinos chegaram mortos a centros médicos, incluindo o hospital de campanha da Cruz Vermelha em Gaza. Entre os mortos estavam 38 palestinos que foram baleados e mortos enquanto esperavam para receber ajuda em um local administrado pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), organização controversa apoiada por Israel e controlada pelos EUA, encarregada de distribuir ajuda aos palestinos em vez da ONU. As forças israelenses cometeram vários massacres durante distribuição de ajuda humanitária contra os habitantes famintos de Gaza nos pontos de distribuição da GHF no sul e no centro de Gaza. Os massacres resultaram na morte de dezenas de civis nos locais da GHF quase diariamente, muitas vezes depois que o exército israelense abriu fogo contra multidões desesperadas de civis.
Israel também cortou os serviços de internet e telecomunicações em grande parte da Faixa de Gaza no domingo, impondo um bloqueio efetivo da mídia e da informação a milhões de palestinos, enquanto os ataques israelenses continuam a chover sobre eles.
As forças israelenses também continuaram impondo um cerco total à Cisjordânia ocupada desde sexta-feira, incluindo às estradas entre as cidades da Cisjordânia. Os bloqueios causaram a paralisação total do transporte público em várias partes da Cisjordânia.
Paralelamente ao cerco, as forças israelenses invadiram as cidades palestinas de Hebron, Belém, Nablus e Ramallah, prendendo pelo menos 35 palestinos, incluindo uma mulher e quatro crianças, de acordo com a agência de notícias Wafa. Em Hebron, moradores relataram que soldados israelenses ameaçaram famílias palestinas durante as invasões com “consequências” não especificadas para quem comemorasse os ataques com mísseis iranianos contra Israel.
(*) Tradução de Raul Chiliani