Ao menos 39 pessoas foram detidas em Paris nesta terça-feira (28), durante protestos contra a reforma da lei trabalhista no país.
Ainda antes do início da marcha, 27 pessoas foram detidas, por carregarem “possíveis armas de arremesso.” Confrontos ocorreram durante a realização do protesto, que foi acompanhado por um efetivo de 2,5 mil policiais.
De acordo com os sindicatos organizadores, a manifestação contou com a presença de cerca de 55 mil cidadãos, que se opõem à chamada “lei El Khomri” – em alusão à ministra do Trabalho, Myriam el Khomri. A polícia, por outro lado, diz que quatorze mil pessoas estiveram presentes. A mobilização faz parte da 11ª jornada nacional de manifestações contra a reforma da lei laboral.
Seja como for, a pressão das ruas não foi suficiente para barrar o projeto. O Senado acabou por aprovar a reforma, com 185 votos a favor e 156 contra, enquanto manifestantes e policiais se confrontavam com pedras e bombas de gás nas ruas parisienses. O partido republicano, do ex-Presidente Nicolas Sarkozy, votou favoravelmente ao projeto, enquanto socialistas, “verdes” e comunistas o opuseram.
A lei tem sido fortemente criticada por sindicatos e organizações de esquerda do país, que a consideram um ataque aos direitos dos trabalhadores franceses. Um dos pontos mais criticados, o artigo 2, estabelece a prevalência dos contratos de trabalho dentro de cada empresa sobre os acordos setoriais. A lei facilitaria também a demissão de trabalhadores por parte dos empregadores, por meio da redução de pagamento de indenizações aos primeiros.
O governo, que havia usado do artigo 49.3 da constituição francesa para levar a lei para o Senado sem antes de que ela passasse pela aprovação da Assembleia Nacional, argumenta que o projeto visa reduzir o desemprego por meio da chamada “flexibilização” dos direitos trabalhistas.
A lei deve ser debatida na Assembleia Nacional em julho. O representante da central sindical CGT, Philippe Martinez, disse que a lei vai contra a opinião pública. “Nós queremos o diálogo, não a ausência do diálogo; esse é o problema do governo”, afirmou.