Contam que, após a bala, se ouviu uma voz. Era Deus que gritava: Revolução. Foi assim que o cantor uruguaio Daniel Viglietti descreveu sua morte, em “Cruz de Luz”. O cubano Carlos Puebla canta que: Junto a seu povo caiu / Pela razão verdadeira / E hoje vira bandeira / Para os que tanto amou.
Camilo Torres Restrepo nasceu em 1929. Filho de médico, cresceu em uma família da elite de Bogotá, mas, desde muito cedo, se solidarizou com os pobres.
“Ele me perguntou um dia: ‘por quê essas crianças são chamadas crianças de rua?’ e eu respondi que era porque andavam mal vestidos e sujos, e que são muito pobres. E ele me perguntou: ‘Por quê? Não são iguais a nós? Por que não lhes dão roupa, lhes lavam, lhe dão comida? E ficam iguais a nós”, conta sua mãe Isabel.
Na juventude, Camilo tem contato com os padres dominicanos franceses, e começa seus estudos na Teologia. Em 1954, é ordenado sacerdote, e vai à Bélgica para estudar Sociologia. Cinco anos depois, volta a Bogotá, e no ano seguinte participa da fundação da Faculdade de Sociologia da Universidade Nacional. Cria o Frente Unido e, em 1966, junta-se ao Exército de Libertação Nacional da Colômbia. Caiu em combate em 15 de fevereiro daquele ano, no departamento de Santander.
A história é contada, em detalhes, no documentário “Camilo – Mais que um padre guerrilheiro.” Realizado pelo Periferia Prensa Alternativa e AgitProp, com direção de David Guevara, o documentário foi exibido pela Revista Opera e TVDrone em um evento em março deste ano, e agora encontra-se disponível no Youtube com tradução* da ex-correspondente da Revista Opera na Colômbia, Mariana Ghirello.
*Basta ativar as legendas no vídeo