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Ex-combatente Rafael Lusvarghi é condenado a 13 anos de prisão na Ucrânia

Formalmente, Lusvarghi foi enquadrado por “participação em um grupo ou organização terrorista” e “participação em atividades ilegais em formação armada”.
por Pedro Marin | Revista Opera
(Foto: Reprodução / Youtube)

O ex-combatente brasileiro no leste da Ucrânia, Rafael Lusvarghi, foi condenado nesta quarta-feira (25) a treze anos de prisão e confisco de propriedade por ter lutado ao lado das forças rebeldes do leste do país contra o exército ucraniano.

Formalmente, Rafael foi enquadrado nos artigos 258-3 e 260 do código criminal ucraniano; por participação em um grupo ou organização terrorista e participação em atividades ilegais em formação armada, respectivamente. Ele admitiu os crimes, e solicitou que fosse condenado à pena mínima.

Durante o julgamento o ex-combatente também sugeriu que a denúncia de que estava sendo ameaçado e agredido na prisão, feita por um grupo de ativistas na última terça-feira e noticiada pela Revista Opera, era real. “Nos últimos três dias a minha situação na detenção está muito complicada […] agora a minha vida está em risco na prisão, eu não posso voltar pra lá, sob nenhuma circunstância”, disse Rafael, que também solicitou uma avaliação médica.

De acordo com o jornal ucraniano “Às Notícias” (Новинарні), investigadores do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) admitiram também que a empresa Omega Consulting “seduziu” Rafael para que fosse preso. Como noticiamos em outubro, a empresa, que tem conexões com o Diretório de Inteligência da Ucrânia, havia oferecido um emprego a Rafael como segurança de navios, e em última instância foi a responsável por sua viagem a Kiev, onde foi preso.

Entenda o caso

Rafael Lusvarghi, de 33 anos, serviu durante quase dois anos como combatente voluntário nas forças rebeldes do leste ucraniano, que lutam contra o governo do país desde a derrubada do presidente Viktor Yanukovich, em 2014.

De acordo com documentos obtidos com exclusividade pela Opera, após seu retorno ao Brasil, Rafael foi contatado pela empresa “Omega Consulting”, em agosto de 2016. A empresa, que tinha entre seus clientes o Diretório Máximo de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia, lhe ofereceu um emprego para segurança de um navio que sairia de Odessa, na Ucrânia, com destino a Galle, no Sri-Lanka.

Ainda naquele mês, após trocar algumas mensagens com a companhia, Rafael demonstrou preocupação com a ida à Ucrânia: “Já que estive no exército da República Popular de Donetsk, não teria problemas em aterrisar na Ucrânia? Seria possível embarcar em um porto fora da jurisdição ucraniana?”, questionou Rafael, que depois enviou uma mensagem à empresa sobre a anistia garantida pelos Acordos de Minsk. Ele havia lido os protocolos e, de acordo com fontes próximas do ex-combatente, enviado emails pedindo orientação para o Ministério de Relações Exteriores do Brasil.

Alguns dias depois a empresa disse ter contatado a Organização de Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) – que supervisiona o conflito na Ucrânia e que teve participação nos Acordos de Minsk – por meio do escritório da companhia em Londres, e afirmou que a viagem aparentemente não apresentaria riscos a Rafael.

Rafael embarcou para a Turquia no dia 5 de outubro, de onde embarcou novamente até a Ucrânia, chegando no dia seguinte. Na terça-feira (4 de outubro), no entanto, a Procuradoria de Kiev já havia um mandado de prisão preventiva contra ele. Ele foi preso no aeroporto de Boryspil, em Kiev, no dia 6 de outubro de 2016.

Troca de prisioneiros

Combatentes que conviveram com Lusvarghi durante sua estadia no leste do país confirmaram à Opera na última quarta-feira (25) que o brasileiro consta nas listas para a troca de prisioneiros entre as forças rebeldes no leste e o governo ucraniano.

 

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