Sob aplausos, o corpo de dom Paulo Evaristo Arns foi enterrado hoje (16), às 17h10, na cripta da Catedral Metropolitana de São Paulo, na Sé, região central da capital paulista. O sepultamento ocorreu após uma missa de exéquias – honras fúnebres – celebrada pelo arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, com a participação de cardeais, bispos, dezenas de padres e diáconos. Uma grande faixa da Pastoral do Povo de Rua ficou estendida entre as pessoas que assistiram à celebração.
No início da celebração, o cônego Antonio Aparecido Pereira lembrou em breve mensagem que Arns abriu as portas da Igreja para os perseguidos políticos, para os moradores de rua e para pessoas com HIV. Ele pediu que os presentes gritassem a palavra “coragem”, que muitas vezes era dita por dom Paulo aos seus seguidores. No final da cerimônia, o caixão, que durante a celebração permaneceu em frente ao altar principal da catedral, foi levado, sob aplausos e gritos de “viva dom Paulo” e “coragem”, até a cripta. No local ocorreu uma breve cerimônia particular, com a presença de parentes, religiosos e autoridades.
“Em tempos difíceis, de cerceamento das liberdades democráticas, de perseguição política e de graves violações da dignidade humana e dos direitos da pessoa, dom Paulo empenhou-se pessoalmente mediando a solução de conflitos e dando amparo, coragem e confiança a muitas pessoas feridas no corpo e na sua dignidade porque lutavam por um Brasil livre e democrático”, destacou dom Odilo na homilia da última missa celebrada no funeral.
Dom Paulo morreu aos 95 anos, após permanecer internado no Hospital Santa Catarina, com quadro de broncopneumonia. Ele completou 71 de sacerdócio e 76 de vida franciscana e era cardeal desde 1973. Foi arcebispo metropolitano de São Paulo entre 1970 e 1998. Em testeamento, dom Paulo deixou todos os seus pertences para a Casa São Paulo, entidade criada por ele, em 1998, para dar morada a padres idosos e doentes.
Na lápide de dom Arns, foi gravada a frase “de esperança em esperança”. “As duas mensagens principais que a gente leva, que São Paulo e o Brasil levam, são de esperança e de coragem. Ele dizia ‘a esperança, mesmo pequena, é o maior dom no meio de um mundo cansado’. E a segunda é de coragem, de enfrentar a ditadura, e a coragem de fazer toda a ação pastoral, principalmente com o povo da periferia”, disse, após o sepultamento, o sobrinho de dom Paulo, Clóvis Arns Cunha.
Entre as autoridades que acompanharam a despedida de dom Arns, estavam o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, e o prefeito eleito, João Doria Jr.
A catedral da Sé permanecerá aberta hoje até as 20h para que as pessoas possam visitar a cripta onde está sepultado dom Arns. Amanhã (17), as visitas terão início às 9h.