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Acusados da Chacina de Osasco vão a júri popular

Três policiais e um guarda-civil serão levados a júri popular pelos crimes cometidos na Chacina de Osasco e Barueri, que aconteceu em 13 de agosto de 2015.
por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil
Mães de Maio realizam ato na Semana de Lutas Contra Violência do Estado – 23 anos do Massacre do Carandiru. (Foto: Pedro Marin / Revista Opera)

Três policiais e um guarda-civil serão levados a júri popular pelos crimes cometidos na Chacina de Osasco e Barueri, que aconteceu em 13 de agosto de 2015. A juíza Élia Kinosita Bulman, da Vara do Júri e das Execuções Criminais de Osasco, aceitou a denúncia do Ministério Público dos quatro réus, que são acusados de 24 crimes de homicídio – 17 consumados e sete tentativas. Com a decisão, eles serão levados a julgamento perante o Tribunal do Júri. Cabe recurso da defesa contra a decisão.

De acordo com a denúncia, os assassinatos foram motivados por vingança em razão da morte de um policial militar e um guarda-civil municipal. Na decisão, a juíza diz que há elementos suficientes nos autos que comprovam a participação dos réus.

“Os elementos colhidos são de molde a se concluir que todos os réus devem ser julgados pelo Tribunal do Júri, pois há elementos suficientes de autoria, não se comprovando os álibis que trouxeram e a singela narrativa restou, assim, isolada, de modo que a análise aprofundada das provas acerca da participação de cada um dos réus deverá ser feita pelo Juízo competente”, disse a magistrada.

O promotor designado para o processo, Marcelo Oliveira disse que, na sentença, a juíza faz uma análise se há ou não os requisitos para os réus serem submetidos a julgamento pelo tribunal popular. “Ela entendeu que há os requisitos para serem submetidos a julgamento”.

Segundo o promotor, há provas suficientes para a condenação dos quatro réus no julgamento, que estão presos. “Para mim, a prova é cabal sobre a responsabilidade dos quatro. Essa é a razão pela qual eu vou pedir a condenação dos quatro no júri”, disse Oliveira.

Mãe de vítima

Zilda Maria de Paula, mãe de Fernando Luis de Paula, morto na chacina, disse não vai querer assistir ao julgamento. “Não quero ver a cara de nenhum deles [réus] e a defesa deles vai falar um monte de baboseira, vão falar que eram bandidos e nenhum era, eu tenho certeza disso. E eu não vou poder falar nada, não vou poder defender. Não pude defender meu filho na hora da morte e ainda vou ter que escutar isso”, disse.

O filho de Zilda, com 34 anos, tinha saído para cortar o cabelo e depois foi a um bar com amigos no dia 13 de agosto do ano passado. Ela disse que Fernando foi um dos últimos rapazes a serem assassinados naquele bar e que ele viu os amigos sendo atingidos por tiros, sem poder fazer nada, sentado na cadeira.

Defesa

Todos os réus negam a autoria e participação na chacina. O advogado Fernando Capano, que defende o policial militar Thiago Barbosa Heinklain, disse que “em momento algum houve qualquer reconhecimento [de seu cliente] por parte das mais de 30 pessoas que foram ouvidas nesse processo” e que “o ônus de provar que ele estava na cena do crime é do próprio Ministério Público”.

Segundo o advogado, as provas são absolutamente frágeis. “A mim, parece que ele foi pronunciado, e portanto enviado a plenário agora, pelo simples fato de que alguém teria que responder por essa chacina. Quase que como se nós estivéssemos partindo da premissa de que, se nós não encontramos ninguém, que seja alguém então que possa responder”.

A advogada do policial militar Fabricio Emmanuel Eleutério, Flávia Artilheiro, preferiu não se posicionar antes de consultá-lo a respeito da decisão da juíza.

A assessoria de imprensa do escritório Oliveira Campanini informou que seu cliente, o policial militar Vitor Cristilder Silva dos Santos, é inocente. No entanto, a reportagem não conseguiu contato direto com o advogado do caso.

A Agência Brasil procurou o advogado do guarda-civil Sérgio Manhanhã, mas não teve retorno até a publicação da reportagem.

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