O Iêmen vive o pior surto de cólera do mundo, com mais de 200 mil casos suspeitos, denunciou no último sábado (24) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) em um comunicado conjunto.
De acordo com as organizações, em apenas dois meses o surto já se espalhou para quase todas as regiões do país, e mais de 1300 pessoas – das quais 1/4 são crianças – já morreram em função da doença. As organizações alertam ainda que, em média, o número de infectados cresce a um ritmo de 5 mil por dia.
“Esse surto mortal de cólera é consequência direta de dois anos de pesado conflito. Sistemas de saúde, água e saneamento em colapso cortaram 14,5 milhões de pessoas do acesso regular a água potável e saneamento, aumentando a capacidade da doença de se espalhar. Números crescentes de subnutrição enfraqueceram a saúde das crianças e as tornaram mais vulneráveis à doença. Estima-se que 30 mil trabalhadores da área da saúde, que desempenham o principal papel no que se refere a acabar com esse surto, não têm seus salários pagos a quase 10 meses”, disse o comunicado.
Guerra civil
O Iêmen vive desde 2015 uma guerra civil entre duas facções: os Houthis, movimento político predominantemente xiita que emergiu nos anos 90 contra o governo de Ali Abdullah Salleh – aliando-se depois às forças políticas leais a ele – e as forças leais ao governo de Abdrabbuh Mansur Hadi, que têm o apoio da coalizão liderada pela Arábia Saudita, e que inclui os países do Golfo (além de ter o apoio dos Estados Unidos). Há ainda regiões do país, em especial no centro-oeste, sob controle do Estado Islâmico e da Al Qaeda.