O Iêmen vive hoje o maior surto de cólera no mundo, atingindo meio milhão de pessoas, declarou nesta segunda-feira (14) a Organização Mundial da Saúde.
De acordo com a organização, quase 2 mil pessoas já morreram no país em decorrência da doença desde o início do surto, em abril. “Os trabalhadores de saúde do Iêmen estão operando em condições impossíveis. Milhares de pessoas estão doentes, mas não há hospitais suficientes, não há remédios, água potável”, disse o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus.
De acordo com a OMS, a epidemia tem como fonte a deterioração das condições sanitárias e de higiene, e a destruição do sistema de distribuição de água no país, com milhões de pessoas tendo sido cortadas do acesso à água potável. A organização relembrou ainda que mais da metade das clínicas do país foram fechadas em função dos danos da guerra, e que mais de 30 mil trabalhadores da saúde não recebem seus salários há quase um ano.
O combate do surto, apontou a organização, passa pela solução da guerra civil que o país atualmente vive. “Nós convocamos as autoridades iemenitas – e todos aqueles na região e em outros lugares – a conseguirem uma solução política para esse conflito que já causou tanto sofrimento. O povo do Iêmen não pode aguentar muito – eles precisam de paz para reconstruir suas vidas e seu país”, apontou o Dr. Tedros.
Guerra civil
O Iêmen vive desde 2015 uma guerra civil entre duas facções: os Houthis, movimento político predominantemente xiita que emergiu nos anos 90 contra o governo de Ali Abdullah Salleh – aliando-se depois às forças políticas leais a ele – e as forças leais ao governo de Abdrabbuh Mansur Hadi, que têm o apoio da coalizão liderada pela Arábia Saudita, e que inclui os países do Golfo (além de ter o apoio dos Estados Unidos). Há ainda regiões do país, em especial no centro-oeste, sob controle do Estado Islâmico e da Al Qaeda.