Os metroviários de São Paulo aprovaram na noite desta quarta-feira (17), durante assembleia no Sindicato dos Metroviários de São Paulo, a realização de uma greve amanhã (18).
A paralisação de 24 horas deve ocorrer a partir das 0h, em todas as linhas operadas pelo Metrô (com exceção da linha 4 – amarela, que é privada), e tem como motivação a concessão por parte do governo Geraldo Alckmin (PSDB) das linhas 5-Lilás e 17-Ouro (monotrilho) à iniciativa privada. Não está claro se a greve será total, já que a Justiça do Trabalho determinou que 80% da categoria deveria trabalhar durante os horários de pico, e 60% fora dele, estabelecendo uma multa de R$ 100 mil ao Sindicato caso a determinação fosse descumprida.
O Governo do Estado planeja ainda privatizar as linhas 2-verde e 15-prata, já construídas, e as linhas 6-laranja e 18-bronze, que atualmente estão em construção. Se isso se realizasse, o Metrô passaria a operar somente as linhas 1-azul e 3-vermelha.
“Nós estamos batalhando para impedir que esse processo se propague e se desenvolva nas demais linhas do Metrô. O que queremos é barrar esse processo de privatização, por isso estamos decretando essa greve, que é feita para denunciar um processo que é deturpado e viciado”, disse o coordenador-geral do Sindicato dos Metroviários, Wagner Fajardo.
O sindicato havia anunciado anteriormente ter indícios de que a empresa CCR, que atualmente opera a linha 4-amarela, será a vencedora do leilão, que se realizará na próxima sexta-feira (19) na Bolsa de Valores. Segundo a categoria, a empresa foi a única das concorrentes a realizar um estudo de viabilidade econômica, e é a única a apresentar capacidade técnica para assumir as linhas.
O secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, contestou a denúncia dizendo que “a gente não pode deixar que uma empresa que nunca operou um sistema de trem venha a operar, porque corremos um risco sério. Ao assumir duas concessões, a empresa vai transportar 1 milhão de passageiros por dia. Acreditamos que vai ter concorrência.”
“Não duvidamos que tenha concorrência. O que duvidamos é que a concorrência tenha efeito”, rebateu Wagner Fajardo. Além da questão da concorrência, os Metroviários criticam também o volume do lucro estimado pelo Governo à iniciativa privada. De acordo com as estimativas, o contrato renderá R$ 10,8 bilhões, enquanto lance mínimo do leilão é de R$ 189 milhões, com um investimento de 3 bilhões ao longo de 20 anos como contrapartida. Além disso, caso a demanda de passageiros fique abaixo do estimado, o governo estadual se compromete a compensar a concessionária. “É o capitalismo sem riscos”, criticou Fajardo.