Aviões da coalizão Arábia Saudita/Emirados Árabes Unidos (EAU) atacaram, nessa quinta-feira (9) um ônibus que transportava crianças na cidade de Zahyan, na província de Saada, noroeste do Iêmen, deixando o tenebroso rastro de 39 civis mortos – a maioria crianças – e aproximadamente 52 feridos, segundo reportou a rede Al Masirah, do Iêmen. Já o Ministério da Saúde iemenita informou através do site do movimento político-religioso Ansarullah ou Ansar Allah, um número maior de vítimas; 52 mortos e 77 feridos.
O porta-voz do Movimento Ansarullah, Mohammad Abdulsalam, condenou os ataques como “absurdos”, dizendo que os agressores demonstraram uma “evidente falta de moral”. Para Abdusalam os crimes cometidos pela Arábia Saudita, no Iêmen, representam uma “clara falta de respeito pela vida dos civis”.
Ele disse ainda que a coalizão “demonstrou toda a sua humilhação e desprezo justificando seus crimes”.
Em um comunicado o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse que o ônibus transportava crianças. “Segundo o direito humanitário internacional, os civis devem ser protegidos durante os conflitos”.
A coalizão disse que atacou os rebeldes, Houthis – denominação popular do grupo político-religioso Ansar Allah, – porque eles dispararam um míssil balístico em direção à cidade saudita de Jizan, no dia anterior, matando uma pessoa e deixando feridos.
A cidade é controlado pelos Houthis, que acusaram a coligação chefiada pelos sauditas com participação dos Emirados Árabes Unidos (EAU) pelos ataques.
O coronel Turki al-Malki, porta-voz da coalizão, que intervém no Iêmen desde 2015, disse que o ataque de quinta-feira em Saada é uma “ação militar legítima” e foi executado “de acordo com o direito internacional humanitário e os costumes”. Ele acusou os houthis de usar crianças como escudos nos campos de batalha.
O distrito de Zabid, localizado na província de Hudaydah, oeste do Iêmen, também foi atacado, com um saldo de três civis mortos e uma criança ferida.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Bahram Qasemi, condenou nesta quinta-feira o massacre de estudantes iemenitas pelos aviões da coalisão.
Qasemi demonstrou solidariedade com os sobreviventes e vítimas dos “crimes de guerra” sauditas, que fizeram do ônibus com estudantes iemenitas um alvo.
O porta-voz fez um apelo “às comunidades internacionais e órgãos de direitos humanos que usassem qualquer meio possível para impedir a continuação de tais crimes pelos países que invadiam o Iêmen”.
Bahram lamentou e condenou a continuação do apoio de armas dos “chamados defensores dos direitos humanos” para os sauditas e os EAU e disse: ‘Eles (os chamados defensores dos direitos humanos) são cúmplices dos crimes de guerra e devem ser responsabilizados’.
Qasemi instou à ONU e os países influentes para intensificarem seus esforços para deter imediatamente os ataques e tomar as medidas necessárias para proteger a segurança de civis, especialmente mulheres e crianças.
Em março de 2015, uma feroz ofensiva de guerra, foi lançada contra o Iêmen, liderada pela Arábia Saudita, seus aliados, entre eles os Emirados Árabes Unidos. O intuito da ofensiva militar era reconduzir os ex-presidente iemenita e aliado de Riad, Abd Rabbuh Mansur Haidi, ao poder, e destruir o movimento popular de Ansarullah.
A estratégia primal da ofensiva eram bombardeios, que progrediram para um bloqueio naval e culminaram no envio de tropas sauditas para o Iêmen.
O resultado disso – longe de alcançar as “metas” desejadas pelos sauditas e seus aliados, graças a resiliência dos combatentes iemenitas e dos Houthis – foi o desencadeamento de uma das mais terríveis crises humanitárias do planeta, atingindo mais de vinte milhões de pessoas, no país mais pobre da Península Arábica.