Desde que os EUA iniciou uma tentativa de golpe contra o governo de esquerda democraticamente eleito da Venezuela em janeiro de 2019, cerca de 24 bilhões de dólares em ativos públicos venezuelanos foram apreendidos por países estrangeiros, principalmente por Washington e os estados membros da União Europeia.
A administração do presidente Donald Trump usou ao menos 601 milhões de dólares desse dinheiro saqueado da Venezuela para financiar a construção de um muro fronteiriço com o México, segundo documentos do governo revisados pela Univision.
Durante a sua campanha presidencial em 2006, Trump insistiu inúmeras vezes de que ele conseguiria “fazer o México pagar” para construir o gigantesco muro de quase 2.000 milhas (3,145 km) em sua fronteira.
Incapaz de forçar o país a pagar a construção do seu projeto de estimação de 18 bilhões de dólares, que já custou cerca de 30 milhões de dólares por milha no sul do Texas, Trump recorreu a outras fontes questionáveis de financiamento para realizar o muro.
A Univision revisou os registros do congresso e os documentos judiciais dos EUA e descobriu que o governo Trump investiu 601 milhões de dólares no “fundo de confisco” do Departamento do Tesouro, para complementar a construção do muro.
Os Estados Unidos se apropriou de ao menos 1 bilhão de dólares dos fundos públicos venezuelanos que Washington declarou que foram supostamente roubados por oficiais do governo, de acordo com a Univision. Além dos bilhões de dólares de ativos estatais venezuelanos que foram roubados ilegalmente pelo governo Trump, o mais importante deles é a joia da coroa de Caracas, a refinaria de petróleo Citgo.
“Nada desse dinheiro… foi retornado para o povo venezuelano”, reporta a Univision. “Ao contrário, muito do dinheiro coletado pela Justiça, do departamento de tesouro estado-unidenses e mantidos em fundos especiais de confisco são usados para financiar investigações policiais e federais”.
Oposição de direita está triste porque Trump não deu à gangue de Guaidó todo o dinheiro roubado da Venezuela
O escândalo de corrupção do Trump tem sido quase totalmente ignorado pelo monopólio da mídia de comunicação. A própria Univision enterrou fundo suas próprias informações em um relatório que avançou os pontos de discussão da oposição de direita apoiada pelos EUA na Venezuela e se referiu ao governo eleito do presidente Nicolas Maduro como “um regime amplamente repudiado”.
A Univision, a maior rede corporativa dos EUA que se concentra em questões latinas, pertence a empresas de ativos privados controladas por bilionários, onde uma das mais proeminentes líderes é a oligarca israelense-estado-unidense, Haim Savan.
Baseada em Miami, a capital de facto da direita da América Latina, esses massivos conglomerados de mídia agem como porta-voz de forças conservadoras e corporações com interesses na América Central e América do Sul.
O artigo da Univision, intitulado “A batalha legal pelos bilhões saqueados da Venezuela esquenta” se refere ao não eleito, apontado pelos EUA como líder do golpe, Juan Guaidó, como o líder do pais em caso de necessidade de “um governo interino”
A Univision também absolveu os EUA e os países europeus por roubarem bilhões de dólares do cofre público venezuelano, justificando que as razões pelo roubo são a corrupção no governo venezuelano.
Entretanto, o fato de o relato ter visto a luz do dia reflete o crescente cisma entre os apoiadores da oposição venezuelana e seus patrões imperiais em Washington. Univision claramente ficou triste porque a administração Trump não deu ao autoproclamado “Governo Guaidó” o dinheiro roubado de Caracas.
“Quando se trata de com quem fica o dinheiro roubado, os EUA parecem não querer abrir a mão do dinheiro”, escreveu a Univision, frustrada.
A corrupção flagrante do governo Guaidó
O que a Univision não menciona no relatório é que Juan Guaidó, que era o administrador do golpe, foi exposto e acusado por inúmeros atos de corrupção
Os principais agentes de Guaidó gastaram centenas de milhares de dólares de suposta “ajuda sanitária”, em hotéis, boates, jantares e roupas chiques, durante uma tentativa de golpe liderada pelos EUA na fronteira Colômbia-Venezuela em fevereiro de 2019.
Anya Parampil, da Grayzone também expôs como os aliados de Guaidó supervisionaram a farsa para liquidar o Citgo, o ativo estrangeiro mais valioso da Venezuela, essencialmente o vendendo para empresas estado-unidenses.
Quanto aos bilhões de dólares de ativos públicos roubados pelos governos do ocidente, não há sinais de que esse dinheiro um dia será retornado para o povo venezuelano.
Em seu novo livro, The Room Where it Happened (A sala onde aconteceu, em tradução literal), o conselheiro de segurança nacional da administração Trump, John Bolton, vangloriou-se que o governo britânico “estava inclinado a cooperar no que eles pudessem” para ajudar nos esforços de golpe de Washington,“por exemplo, congelando os depósitos de ouro da Venezuela no Banco da Inglaterra, para que o regime não possa vender o ouro para se manter”.
O Banco da Inglaterra ainda segura aproximadamente 1 bilhão de dólares roubados do governo venezuelano, e se recusou a devolvê-lo.