Um estudo recente revelou que os Estados Unidos lançaram cerca de 400 intervenções militares ao redor do mundo desde sua independência, em 1776, sendo que a metade destas intervenções foram realizadas entre 1950 e 2019, e 25% delas após o fim da Guerra Fria.
O estudo intitulado “Apresentando o projeto intervenções militares: novos dados sobre as intervenções militares dos EUA, 1776-2019” foi realizado pela pesquisadora Sidita Kushi, do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Bridgewater, no estado de Massachusetts, e oferece novos dados que ampliam o universo de intervenções estadunidenses, assim como a ampliação da linha do tempo das guerras e suas motivações.
Como a história das guerras é extensa demais para ser revista neste espaço, sistematizamos apenas algumas intervenções da máquina imperial norte-americana:
1775-1776: Canadá e Atlântico
1798-1800: Mar do Caribe e Atlântico
1846-1848: México
1852-1853: Argentina
1856: Nova Granada (roubo do Panamá da Colômbia)
1898-1902: Cuba, Porto Rico e Pacífico
1926: Nicarágua
1954: Guatemala
1961: Cuba
1989: Panamá
1945-1946: China
1959-1975: Guerra do Vietnã
1983: Líbano
1990-1991: Guerra do Golfo
1993-1994: Somália
1995: Bósnia e Herzegovina
1999: Iugoslávia
2001-2021: Afeganistão
2003-2011: Invasão do Iraque
2011: Líbia
2011-2012: Iêmen, Paquistão, Somália
2014-presente: Iraque e Síria
¼ das 400 guerras dos EUA foram no Oriente Médio e na África
A pesquisa também observa que as intervenções militares dos EUA são “cada vez mais” direcionadas ao Oriente Médio e à África, respondendo por mais de um quarto das campanhas do país ao longo de sua história.
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“O impacto cumulativo do que descobrimos em nosso esforço de coleta de dados foi realmente surpreendente”, disse Sidita Kushi, professora assistente da Universidade Estadual de Bridgewater e uma das autoras do estudo, que revela também que a era posterior ao 11 de setembro de 2001 resultou em “níveis de hostilidade mais altos”, com as aventuras militares dos Estados Unidos se tornando comuns.
Paradoxalmente, as intervenções militares dos Estados Unidos depois da desaparição da União Soviética foram mais frequentes, mesmo quando não havia um conflito de interesse com outra potência que ameaçasse sua hegemonia.
Desde o 11 de setembro, com a desculpa da guerra contra o terrorismo, Washington usou sua força militar para “resolver seus problemas”, disse Monica Duffy Toft, professora de política internacional em Massachusetts. Ou seja: que suas intervenções não são mais feitas para resolver “conflitos”, mas abertamente para controlar territórios.
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Apesar da crise interna, os Estados Unidos continuam investindo bilhões de dólares para alimentar o metabolismo da guerra que o sustentou como império até agora. Atualmente, eles continuam a expandir sua presença militar na África, Ásia e Europa.