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Eleições de meio de mandato nos EUA: tendências e disputas

Eleições de meio de mandato nos EUA são marcadas por “direitização” do Partido Republicano, aumento da inflação e revogação do direito ao aborto.
Eleições de meio de mandato nos EUA são marcadas por “direitização” do Partido Republicano, aumento da inflação e revogação do direito ao aborto. Por Silvina Romano e Aníbal García Fernández | CELAG – Tradução de Pedro Marin para a Revista Opera
(Foto: U.S. Embassy and Consulates in Canada)

No dia 8 de novembro ocorrerão as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, que renovarão parte dos assentos do Senado, todos os assentos da Câmara de Representantes e vários governos estaduais. Trata-se também de uma espécie de referendo sobre o atual governo. Nesta ocasião, as eleições serão marcadas por uma deterioração do nível de vida pelo aumento dos preços (a maior inflação no país em 40 anos), a recuperação econômica após a pandemia e um clima de polarização política e “direitização” do Partido Republicano, em sintonia com as propostas de Donald Trump, que se encontra totalmente envolvido na campanha.

1 – O que se disputa?

Senado e Congresso

Estão em disputa 35 dos 100 assentos do Senado e todas as vagas (435) da Câmara de Representantes.

Para o Senado, cada estado elege um representante, independentemente de sua população. Para a Câmara, por sua vez, o número de representantes por estado é definido de acordo com o tamanho da população.

Atualmente o Senado está dividido, com 50 republicanos e 50 democratas, com o voto da vice-presidente Kamala Harris desfazendo o empate. As principais pesquisas apontam ali uma vitória apertada para os democratas.

Para o Senado, a tendência do voto indica 15 vagas seguras para os republicanos e 9 para os democratas. Há ao menos 8 estados onde a contenda está muito dividida: Arizona, Georgia, New Hampshire, Carolina do Norte, Nevada, Pensilvânia, Wisconsin, Flórida e Colorado. Nesses estados serão disputadas as sete vagas que podem definir a maioria no Senado.

Preferência eleitoral nas pesquisas para as eleições de 2022 ao Senado.

A Câmara de Representantes atualmente é composta por 220 democratas e 212 republicanos. As pesquisas apontam que, a partir destas eleições, 187 vagas estão asseguradas para os republicanos e 163 para os democratas. Elas preveem uma maioria republicana na Câmara. Há oito estados onde as tendências do voto por distrito mostram resultados muito similares tanto para os republicanos quanto para os democratas.

Preferência eleitoral para a Câmara de Representantes nos Estados e distritos com resultados apertados entre Democratas e Republicanos.

Governos

Atualmente, de 50 governadores a nível nacional, 27 são republicanos e 23 democratas.

Há 36 governos estaduais em disputa nestas eleições. As principais projeções apontam que o Partido Democrata ganhará em 15 estados, os republicanos em 16, com cinco estados indefinidos. Se espera que os republicanos fiquem com 24 estados, e os democratas com 21.

Preferência eleitoral para governadores nos Estados onde a disputa está acirrada.

2 – A avaliação do governo Biden

Ao longo de 2022, a aprovação de Biden permaneceu acima de 44%, enquanto sua reprovação aumentou, passando de 52% para 54%. Em grande medida, a melhora de sua imagem, após cair para 40% entre julho e agosto, é motivada pela diminuição dos preços médios da gasolina e pela recuperação do emprego, com os dados de setembro.

Avaliação da gestão Biden em 2022. Janeiro a 12 de outubro.

A recuperação de Biden chegou no “momento certo”, em setembro, para gerar um clima de maior confiança para os democratas, após uma performance pouco exitosa durante os primeiros meses do ano, em comparação com o avanço dos republicanos.

3 – Polarização política e “direitização” do Partido Republicano

Trump entrou em campo nas eleições: apoiou mais de 200 candidatos republicanos que postulam vagas para o Senado e a Câmara dos Representantes, e os principais candidatos a governador em todo o país.

Em 2022, mais de 100 candidatos de extrema-direita estão disputando cargos políticos pelo Partido Republicano.

Ao menos uma dúzia de candidatos têm conexões explícitas com “supremacistas brancos, extremistas antigoverno e membros da organização de extrema-direita Proud Boys”.

Em agosto, de 119 candidatos considerados extremistas de direita que participaram nas primárias, cerca de 25% conseguiram a vaga para disputar, com a possibilidade de ganhar nas eleições gerais de novembro, conseguindo e retendo poder político.

Destes 30 vencedores nas primárias, dez ganharam com uma margem de 10% ou mais.

Temas em disputa

A situação econômica é o motor do voto conservador, preocupado com o aumento dos preços.

A questão do aborto está mobilizando o voto democrata, após a decisão da Suprema Corte, em julho de 2022, de revogar o direito ao aborto.

Outra motivação do voto democrata é a promoção de uma lei para modificar o sistema de votação em nível estadual, que eliminaria controles em nível federal; proposta que é respaldada especialmente por setores vinculados a Trump sob a consigna “Make America Great Again” (MAGA – Tornemos a América Grande Novamente, em tradução livre).

Neste contexto, os democratas argumentam que, nestas eleições, o que está em jogo é a própria democracia estadunidense.

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