O jornalista investigativo, editor-chefe e porta-voz do Wikileaks, Kristinn Hrafnsson, e o jornalista e editor da plataforma, Joseph Farrell, estão no Brasil, onde cumprem uma ampla agenda em defesa da liberdade de Julian Assange, contra violações de direitos humanos e pelo direito à informação. Nesta quarta-feira, 30/11, as principais associações, sindicatos, federações e organizações jornalísticas, em demonstração de solidariedade, recebem os representantes do Wikileaks na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, a partir de 16 horas, para um ato pela liberdade de Julian Assange, editor do WikiLeaks detido em uma prisão de segurança máxima em Belmarsh, no Reino Unido, e ameaçado de extradição para os EUA.
A passagem pelo Brasil faz parte de uma série de compromissos que os jornalistas estão realizando pela América Latina a fim de se reunirem com lideranças políticas e sociais, movimentos, organizações e sociedade civil organizada que defendem a liberdade de Julian Assange e denunciam as diversas violações dos direitos humanos, civis e políticos do jornalista. A delegação do Wikileaks quer discutir, ainda, questões relacionadas à importância da liberdade de expressão e do direito à informação. “Os representantes do Wikileaks alertam sobre os riscos que existem para a democracia e a liberdade de imprensa se Assange for extraditado para os Estados Unidos”, disse a organização.
Solidariedade e defesa da liberdade de Expressão
Os representantes do Wikileaks serão recebidos na sede histórica da ABI, no Rio de Janeiro, pelas principais entidades do jornalismo brasileiro, entre elas a Repórter Sem Fronteiras (RSF), Instituto Vladimir Herzog, Artigo 19, Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores no Brasil, Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Tornavoz, Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Intervozes e Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).
A solidariedade a Julian Assange é de extrema importância, já que o fundador do Wikileaks vive uma dramática situação política e de saúde. Detido sem base legal na prisão de segurança máxima de Belmarsh, no Reino Unido, desde 2019, o jornalista e ativista australiano está prestes a ser extraditado para os Estados Unidos onde pode sofrer uma pena de até 175 anos em confinamento solitário.
Assange é acusado pelo governo estadunidense de violar a Lei de Espionagem de 1917. Ele foi responsável, por exemplo, pela publicação, entre 2010 e 2011, de documentos classificados revelando crimes de guerra e campos de tortura no Iraque e Afeganistão. A eventual condenação de Assange por essas publicações criminalizaria todas as etapas do processo jornalístico básico: solicitar, receber, possuir e publicar informações verídicas e de interesse público. A defesa do jornalista quer que os EUA retirem as acusações como forma de proteger a liberdade de imprensa em todo o mundo.
“Sem uma forte mobilização internacional, o jornalista Julian Assange não será libertado. Ao publicar no WikiLeaks milhares de documentos, fotos e vídeos que comprovam o envolvimento dos Estados Unidos e seus aliados na morte de inocentes e na espionagem em escala internacional, Assange cumpriu seu dever como jornalista. É por isso que a luta pela sua liberdade afeta a todos nós”, declara Giovani del Prete, da Secretaria Operativa da Assembleia Internacional dos Povos.
Ameaças à liberdade de imprensa
A ação do governo estadunidense contra Julian Assange busca estabelecer um precedente mundial, uma vez que o país poderia exercer jurisdição extraterritorial sobre qualquer jornalista ou veículo imprensa estrangeiro. Os EUA indicaram que a Primeira Emenda à Constituição não se aplicaria a jornalistas estrangeiros, portanto, se o ativista for extraditado e processado, ele não se beneficiará de proteções constitucionais da liberdade de expressão em virtude de ser cidadão australiano.
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A decisão de processar Assange foi universalmente condenada por grupos de defesa, liberdade de expressão, grandes jornais, políticos proeminentes e sindicatos, indicando que as ações que os Estados Unidos desejam impor são uma ameaça sem precedentes à liberdade de imprensa em todo o mundo.
Quem são Kristinn Hrafnsson e Joseph Farrell do Wikileaks?
Kristinn Hrafnsson é jornalista investigativo e editor-chefe/porta-voz do WikiLeaks desde 2010. Ele trabalhou duas décadas como jornalista na Islândia, na imprensa e na radiodifusão e televisão, o período mais longo na RUV, a emissora pública. Ele foi co-produtor e apresentador do programa de investigação Kompás (Compass) na emissora privada Channel 2 durante o turbulento período do colapso financeiro na Islândia, após a crise bancária de 2008. Kompás foi um programa premiado onde ele e seus colegas frequentemente expuseram atividades criminosas e corrupção em altos cargos. Em abril de 2010, ele voou para Bagdá para entrevistar crianças do ataque militar registrado no “Collateral Murder”, o vídeo icônico publicado pelo WikiLeaks. Kristinn é um dos jornalistas mais premiados na Islândia e recebeu o prêmio da Federação de Jornalistas da Islândia em todas as três principais categorias em 2004, 2007 e 2010.
Joseph Farrell é jornalista e editor britânico que trabalhou para o Bureau of Investigative Journalism e para o Centre for Investigative Journalism, onde atualmente faz parte do Conselho de Administração. Ele trabalha para o WikiLeaks desde 2010 como editor de inúmeras publicações importantes do WikiLeaks, incluindo os Diários de Guerra do Iraque e Afeganistão e Cabos Diplomáticos (Cablegate). Seu trabalho para o WikiLeaks junto com outros associados fez dele o alvo de uma investigação contínua do FBI. Ele foi membro da Coalizão da Sociedade Civil na conferência diplomática da World Intellectual Property Organization sobre um tratado de exceções de direitos autorais para pessoas com deficiências em Marrakesh, Marrocos. Ele também aparece regularmente nas redes de televisão como comentarista de notícias.
Serviço
O que? – Ato em defesa da liberdade de Julian Assange.
Quando? – Quarta-feira, 30/11/22, às 16h00
Onde? – Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Rua Araújo Porto Alegre, 71 – Centro – Rio de Janeiro / RJ.