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A verdadeira razão pela qual os Estados Unidos querem o “domínio de espectro total” da Terra

Os Estados Unidos acreditam que têm o direito de infligir ao resto do mundo sua interpretação de democracia.
Os Estados Unidos acreditam que têm o direito de infligir ao resto do mundo sua interpretação de democracia. Por Roger McKenzie | Globetrotter – Tradução de Pedro Marin para a Revista Opera
(Foto: Elizabeth Fraser / U.S Army)

Imagine o alvoroço se a China ou a Rússia – ou, de fato, qualquer outro país – dissesse que pretende exercer controle militar sobre terra, mar, ar e espaço para proteger seus interesses e investimentos.

Surpreendentemente, esta tem sido a política declarada dos Estados Unidos desde 1997.

O domínio de espectro total, como é conhecida a doutrina, é a razão pela qual os Estados Unidos se comportam da maneira que fazem no cenário internacional.

Os Estados Unidos exigem que o mundo se curve à sua liderança. A recusa em fazê-lo é enfrentada com toda a força do complexo militar-industrial internacional controlado pelos estadunidenses.

A imposição inclui tudo, desde o financiamento de forças de oposição em nações soberanas, a remoção ou mesmo o assassinato de líderes políticos que se recusam a seguir sua linha, sanções econômicas e intervenção militar.

Claro, há escolhas a serem feitas pelos Estados Unidos sobre qual abordagem – ou combinação de abordagens – deve ser adotada. Há também decisões a serem tomadas sobre o grau de ação dentro de cada abordagem.

Mas, fundamentalmente, o ponto é que Washington acredita que tem o direito de infligir ao resto do mundo sua interpretação de democracia – o que parece equivaler essencialmente a concordar com qualquer curso de ação que os Estados Unidos queiram tomar.

Então, para que serve realmente a dominância de espectro total?

Há uma cena famosa no filme Reds, vencedor do Oscar, em que o grande jornalista e ativista revolucionário John Reed, interpretado por Warren Beatty, era questionado em um jantar sobre o que era a guerra no México da qual ele acabara de voltar. Antes de se sentar à mesa, ele diz apenas uma palavra: lucro.

Os Estados Unidos estão interessados ​​em salvaguardar os lucros do capital monopolista que carrega em seus bolsos, como um punhado de moedas, os políticos de Washington.

Os Estados Unidos também não tolerarão que outros, como a China, se intrometam em novos mercados potenciais ou afastem as pessoas e países de sua esfera de influência.

A China é vista como a maior ameaça aos lucros das empresas que, atualmente, praticamente decidem o que vamos comer e até quando podemos comer.

Qualquer um que espere que os chineses simplesmente se recostem e aceitem as provocações hipócritas feitas pelos estadunidenses está vivendo em um mundo de fantasias.

O Gabinete de Informação do Conselho de Estado da China divulgou recentemente um relatório no qual acusa os Estados Unidos de serem o maior infrator mundial dos direitos humanos.

No “Informe sobre Violações de Direitos Humanos nos Estados Unidos em 2022”, o governo chinês diz que os EUA “sancionam atualmente mais de 20 países, incluindo Cuba, desde 1962, Irã, desde 1979, Síria, desde 2011, e o Afeganistão, em anos recentes”.

Qualificando os Estados Unidos como o mais prolífico aplicador de sanções unilaterais no mundo, o relatório diz que Washington exerce uma política de poder na comunidade internacional, frequentemente usa a força, provoca guerras por procuração e é um sabotador da paz mundial.

O relatório acrescenta que, sob o disfarce de atividades antiterroristas, os estadunidenses mataram cerca de 929 mil civis e forçaram o deslocamento de cerca de 38 milhões de pessoas em 85 países.

Entre 2017 e 2020, os Estados Unidos lançaram 23 “guerras por procuração” no Oriente Médio e na região da Ásia-Pacífico, afirmou o relatório.

O relatório diz ainda que as violações dos direitos dos imigrantes e a recusa de Washington em fechar o campo de detenção de Guantánamo criaram “um capítulo feio de violações implacáveis ​​dos direitos humanos”.

O relatório critica os Estados Unidos por deter até 780 pessoas em Guantánamo, a maioria das quais foram mantidas sem julgamento por anos, enquanto as submetiam a tratamento cruel e desumano.

Essencialmente, os Estados Unidos farão qualquer coisa para seguir impondo o que consideram seu domínio unipolar do mundo.

No que lhe diz respeito, “a força faz a razão”, e não há consequências para seu comportamento.

Não há recursos legais possíveis, pois os Estados Unidos não fazem parte do Tribunal Penal Internacional, que, no entanto, elogiam por ameaçar processar o presidente russo Vladimir Putin, embora a Rússia também não seja signatária.

Os EUA têm direito a veto nas Nações Unidas, e grande parte do mundo depende de seu escudo militar, bem como do poderoso dólar com o qual negociar.

Dadas as cartas contra aqueles de nós que se opõem ao domínio total dos EUA e ao poder aparentemente invencível do maior valentão do planeta, a pergunta é: o que podemos fazer?

A resposta para o domínio de espectro total é resistência e organização de espectro total.

É necessário desviar nossos esforços da mudança fragmentada para a transformação revolucionária.

Isso significaria unir sindicatos, ativismo climático, organizações de igualdade e uma série de movimentos sociais e econômicos em um afastamento das posições liberais.

Os guardiões do capital são altamente organizados e colocam os recursos onde precisam para proteger e expandir o que têm. Geralmente, os ativistas apenas fingem ser organizados, e lutamos uns contra os outros na primeira oportunidade que se apresenta.

Não sou arrogante o suficiente para acreditar que tenho todas as respostas. Mas o que eu sei é que temos que olhar além do Norte Global para ver como uma transformação radical poderia ser.

Chegou a hora de uma mudança de paradigma e de reunir movimentos para encontrar uma maneira de reunir nossos recursos e obter resultados reais: resistência e organização de base ampla.

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