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Faixa de Gaza: a guerra israelense faz o desemprego subir e o PIB despencar

Em oito meses de guerra, desemprego na Faixa de Gaza atinge quase 80% da população, e PIB teve queda de 83,5%, de acordo com relatório da OIT
Eduardo Camín
Uma senhora na sala de estar de sua casa em um campo de refugiados de Rafah, na Faixa de Gaza, em julho de 2010. (Foto: J McDowell / Flickr)

Oito meses de guerra na Faixa de Gaza causaram uma perda maçiça de empregos e dos meios de subsistência, além de um declínio brutal do PIB no território palestino ocupado, de acordo com um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Escritório Central de Estatísticas da Palestina.

A guerra genocida conduzida pelo Estado de Israel, além das inúmeras perdas humanas, causou uma devastação sem precedentes no mercado de trabalho palestino e na economia como um todo, de acordo com novos dados e análises da OIT e do Escritório Central de Estatísticas da Palestina.

Desde a eclosão das hostilidades, em outubro de 2023, a taxa de desemprego na Faixa de Gaza atingiu a impressionante marca de 79,1%. Na Cisjordânia, que também foi gravemente afetada pela crise, o desemprego chegou a 32%.

Esses números elevam a taxa média de desemprego para 50,8% nas duas áreas do território palestino ocupado. No entanto, as taxas e os índices de desemprego não levam em conta as pessoas que desistiram completamente de trabalhar porque as perspectivas de emprego são inalcançáveis. Portanto, o número real de pessoas que perderam seus empregos é ainda maior do que as taxas de desemprego sugerem.

Além disso, o PIB real sofreu uma contração impressionante de 83,5% na Faixa de Gaza e de 22,7% na Cisjordânia nos últimos oito meses, com o PIB real de todo o território palestino ocupado caindo uma média de 32,8%.

Essas conclusões vêm na quarta edição de uma série de relatórios que descrevem o impacto da guerra em Gaza sobre o mercado de trabalho e os meios de subsistência nos territórios palestinos ocupados.

“Nosso novo relatório mostra que a guerra na Faixa de Gaza ceifou a vida de muitas pessoas e causou uma situação humanitária desesperadora, acompanhada por uma devastação generalizada das atividades econômicas e dos meios de subsistência. Isso agrava o sofrimento dos palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, além de colocar em risco sua segurança e bem-estar”, disse Ruba Jaradat, Diretora Regional da OIT para os Estados Árabes.

A grave crise econômica que afeta atualmente os territórios palestinos ocupados atingiu o setor privado de forma extremamente severa, informa o boletim.

Na Faixa de Gaza, quase todos os estabelecimentos do setor privado paralisaram completamente ou reduziram significativamente sua produção, e o setor perdeu 85,8% do valor de sua produção – equivalente a 810 milhões de dólares – durante os primeiros quatro meses da guerra. Na Cisjordânia, o setor privado sofreu uma redução de 27% no valor da produção, equivalente a 1,5 bilhão de dólares, durante o mesmo período.

Isso se traduz em perdas diárias de produção do setor privado equivalentes a 19 milhões de dólares em todo a territorio palestino ocupado durante os primeiros quatro meses do conflito.

“O reestabelecimento dos meios de subsistência das pessoas e a criação de empregos decentes são vitais para que os palestinos da região possam se recuperar dos horrores que a guerra lhes infligiu”, disse Jaradat. “Esse trabalho de recuperação deve ser realizado paralelamente à resposta humanitária em curso, e a OIT e seus constituintes e parceiros estão implementando um plano de resposta emergencial para esse fim”, acrescentou.

O quarto relatório também fornece projeções do impacto da guerra sobre a economia e o mercado de trabalho nos territórios palestinos ocupados para todo o ano de 2024. Se a guerra terminasse em agosto de 2024 e os esforços de recuperação econômica e do mercado de trabalho continuassem, a taxa de desemprego anual para 2024 deveria ter uma média de 47,1%.

As projeções também sugerem que, nesse cenário, o PIB real cairia 16,1% e a renda per capita real cairia 18,0% em 2024 em comparação com 2023. Esses números representariam o declínio mais acentuado nas taxas de crescimento de ambos os indicadores em mais de duas décadas.

O novo relatório também analisa de perto o impacto da guerra em Gaza sobre os trabalhadores e empregadores na Cisjordânia, onde os bloqueios israelenses, as restrições de movimento e os ataques de colonos interromperam as redes da cadeia de suprimentos e as rotas de transporte.

Uma pesquisa realizada pela OIT em colaboração com a Federação Geral Palestina de Sindicatos constatou que, entre os trabalhadores da Cisjordânia que permanecem empregados, 51% enfrentaram uma redução nas horas de trabalho e 62,8% sofreram uma redução nos salários.

Uma segunda pesquisa realizada pela OIT e pela Federação das Câmaras de Comércio, Indústria e Agricultura da Palestina revelou que 65,3% das empresas da Cisjordânia haviam reduzido sua força de trabalho, sendo que muitas recorreram a demissões permanentes ou temporárias.

Quarenta mil mortes depois, nos perguntamos como seria se descrever um infortúnio fosse tão fácil… quanto vivê-lo!

(*) Eduardo Camín é um jornalista uruguaio vivendo em Genebra. Ex-membro da Associação de Correspondentes de Imprensa das Nações Unidas, é analista associado do Centro Latinoamericano de Análisis Estratégico (CLAE)

(*) Tradução de Raul Chiliani

CLAE O Centro Latinoamericano de Análisis Estratégico é um portal de notícias promovido pela Fundación para Integración Latinoamericana (FILA)

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