O Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2020, elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), dá conta de um dado preocupante: 2020 foi, desde que as medições da federação começaram, na década de 1990, o ano mais violento para os jornalistas brasileiros. Em relação a 2019, o relatório da FENAJ constatou um aumento de 105,77% nos casos de violência contra profissionais da imprensa. Estão incluídos no relatório casos de descredibilização da imprensa (152), impedimentos ao exercício profissional (14), censuras (85) e ataques cibernéticos (6). Mas também agressões verbais e ataques virtuais (76), agressões físicas (32), injúrias raciais e racismo (2), sequestro e cárcere privado (2), assassinatos (2) e ameaças e intimidações (34).
No Rio de Janeiro, no início deste mês, o jornal popular A Nova Democracia informou, por meio de seu site, que membros de sua redação têm sido seguidos e filmados, enquanto homens – alguns dos quais de porte atlético ou militar – rodeiam a sede do jornal e participam do que parece ser uma operação de “campana”.
A denúncia não é irrelevante, tendo em vista que o jornal é o principal órgão de imprensa a cobrir a atuação da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), destacando-se as denúncias recentes sobre o cerco policial ao acampamento Tiago dos Santos, em Porto Velho (RO), zona de conflito que foi usada para provocações do presidente e teria motivado uma viagem do senador Flávio Bolsonaro à região. Tem também uma trajetória na cobertura da violência policial contra a população das favelas do Rio de Janeiro, destacando-se a cobertura feita no Complexo da Maré em 2015, e a denúncia, nos últimos anos, da participação de militares no Governo Federal e na política nacional.
A Revista Opera se solidariza com o jornal A Nova Democracia e conclama as associações de jornalistas e imprensa, nomeadamente a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), a se atentarem às denúncias do jornal, prestando o apoio necessário aos jornalistas e à redação para evitar que os casos de intimidação se repitam ou se tornem ainda mais graves.