O típico vencedor do Prêmio Nobel em economia é um homem de 67 anos, nascido nos Estados Unidos, que está trabalhando na universidade de Chicago no momento em que ele recebe o prêmio. É isso que a divulgadora científica Maggie Koerth descobriu em sua pesquisa.
Tecnicamente, como Koerth explica, não há Prêmio Nobel em economia. Ao invés disso, há o Prêmio do Banco da Suécia para Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel. Ele foi concedido pela primeira vez em 1969 e tem esse nome por conta do banco central da Suécia, o Sveriges Riksbank, que o financia.
A Fundação Nobel não paga o prêmio nem escolhe o vencedor. Membros da família Nobel já se pronunciaram contra o prêmio.
Não obstante, o prêmio foi concedido esse ano e a mídia chama ele de Prêmio Nobel de Ciências Econômicas. David Card, um professor na Universidade da Califórnia, em Berkeley, conquistou metade do prêmio do Sveriges Riksbank esse ano.
Card é creditado por demonstrar que o aumento do salário mínimo não aumenta o desemprego. Isso é bom, e certamente é verdade.
Mas, curiosamente, um prêmio nunca foi dado ao primeiro economista que apontou isso.
Em 1865, a série de palestras de Karl Marx à Primeira Associação Internacional dos Trabalhadores foi uma resposta a John Weston, que havia dito que aumentar os salários seria danoso e que portanto sindicatos seriam danosos.
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Os primeiros cinco capítulos de “Salário, Preço e Lucro”* são as respostas de Marx a Weston. O resto da série de palestras é uma prévia condensada do “Capital” de Marx, que foi publicado dois anos depois, em 1867.
Evidentemente, é bom que David Card possa ter usado as ferramentas de pesquisa modernas mais avançadas para confirmar que não há desvantagem alguma em aumentar os salários. Na verdade, aumentar os salários é algo excelente a se fazer, como Marx apontou há mais de 150 anos.