A três semanas do segundo turno das eleições, a Revista Zelota e a Revista Opera se unem e fazem um chamado público a seus leitores e leitoras para conformar o Comitê de Agitação Herzog-Torres, na cidade de São Paulo.
O comitê fará atividades de agitação e panfletagem nas próximas semanas com material próprio, produzido conjuntamente pelas revistas, no qual são destacados os ataques do atual presidente, Jair Bolsonaro, aos interesses dos trabalhadores brasileiros.
Temas como a diminuição do salário mínimo real, a fome, o aumento do custo de vida, o desemprego, a gestão da pandemia, o avanço da mineração e do agronegócio, e os ataques à educação e à saúde públicas compõem o material, que tem também uma postura crítica em relação aos governos petistas e a um eventual futuro governo Lula. “A votação expressiva em Bolsonaro no primeiro turno das eleições confirma algo que já desconfiávamos: o enquadramento que a imprensa deu a seu governo, ainda que crítico, não foi suficiente para consolidar a rejeição que ele de fato merece do povo, entre outros fatores porque esse enquadramento não foi – nem poderia ir – nas raízes do problema, no que consideramos central, isto é, um projeto de destruição das condições de vida dos trabalhadores brasileiros”, diz Pedro Marin, editor-chefe da Revista Opera. “É preciso apontar os ataques de Bolsonaro contra os trabalhadores, contextualizá-los, revelar a quem eles servem – isso a imprensa hegemônica não fará, e não podemos nos furtar de fazê-lo, em especial nesse momento”, completa.
Por outro lado, para André Kanasiro, editor-chefe da Zelota, “a imprensa e a campanha petista têm se aproximado do público religioso da forma mais lamentável possível: unindo farsa sobre farsa, fazem coro com a falsa guerra do fundamentalismo contra o Satã dos ‘valores modernos’, tentando antagonizar Bolsonaro por seu falso cristianismo ao associá-lo a maçons, canibalismo, aborto, etc. Ignoram que o ‘verdadeiro cristianismo’ fundamentalista já é uma farsa ideológica para ocultar do crente outros conflitos que assolam sua vida diária, e que como tal a coerência interna de seu discurso pouco importa”, diz ele. “Sancho Pança começa a brigar com Dom Quixote para decidir quem melhor descreve a ameaça do moinho de vento, mas só um deles tem décadas de experiência no assunto”, completa.
Para os interessados em integrar voluntariamente o comitê, basta acessar este link e preencher o formulário. O Comitê também aceita doações individuais via PIX, voltadas a financiar a impressão do material e outros custos com a mobilização.
Por que Herzog-Torres?
o Comitê de Agitação Herzog-Torres homenageia o padre católico Camilo Torres Restrepo, pioneiro da Teologia da Libertação na América Latina morto como guerrilheiro em 1966, e Vladimir Herzog, jornalista iugoslavo naturalizado brasileiro e militante do Partido Comunista Brasileiro assassinado pela ditadura militar brasileira em 1975.