Pesquisar
,

Venezuela: Maduro assina decreto autorizando Assembleia Constituinte

De acordo com o decreto assinado por Maduro, de um total de 540 representantes, 364 serão eleitos de forma territorial, e o restante de maneira setorial.

por Pedro Marin | Revista Opera
(Foto: Cancillería del Ecuador)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, assinou ontem (23) um decreto que autoriza e estabelece as regras para a realização de uma Assembleia Nacional Constituinte.

Durante uma manifestação pró-governo em Caracas, Maduro deu detalhes sobre o processo, que de acordo com ele incluirá representação setorial para trabalhadores, camponeses, pescadores, estudantes, indígenas, pessoas com deficiência, aposentados, setores do empresariado e comunas, além de 364 representantes municipais, de um total de 540.

“Os representantes serão eleitos nas esferas territoriais e setoriais por meio do voto universal e secreto”, disse o presidente, assegurando que “todo município terá uma constituinte, não importa quão grande ou pequeno.”

De acordo com as regras do decreto, às cadeiras territoriais cada município do país elegerá um candidato; as capitais de Estados elegerão dois e o Distrito Capital, que engloba o centro e o oeste de Caracas, terá sete. A proposta estabelece ainda que os partidos políticos não poderão sugerir candidatos de maneira direta – ainda que seus membros possam participar das eleições. Os candidatos deverão obter o apoio mínimo de 3% do eleitorado de seu colégio eleitoral para concorrerem, e poderão se candidatar por iniciativa própria, por sugestão de grupo de eleitores ou por setores sociais.

Ainda cabe ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) estabelecer um cronograma para a Assembleia Nacional Constituinte, que possibilitará a mudança da Constituição do país, mas o órgão confirmou ontem que o processo deve ocorrer em julho.

Oposição

Durante a manifestação, Maduro criticou a Câmara de Comércio da Venezuela e a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) por terem se recusado a debater a Constituinte.

“Como um cidadão se nega a dialogar? A alternativa é que nos matemos, então? Qual é a alternativa ao diálogo? A alternativa é a democracia, o voto”, disse Maduro, acusando a oposição de escalar a violência durante as manifestações, que já contabilizam mais de 50 mortos desde que se iniciaram. “O dilema está claro: Constituinte ou ‘guarimba’ (protesto violento); votos ou tiros”, disse o presidente.

Continue lendo

Mural anti-imperialista pintado na Embaixada dos EUA em Teerã após a crise dos reféns. (Foto: Phillip Maiwald (Nikopol) / Wikimedia Commons)
Sanções como guerra civilizacional: o custo humanitário da pressão econômica dos EUA
Em diferentes contextos, líderes de extrema direita promovem um modelo de governança que algema o Estado de suas funções redistributivas, enquanto abre caminho para que o cripto-corporativismo baseado em IA opere livremente – às vezes até promovendo seu uso como política oficial do Estado. (Foto: Santiago Sito ON/OFF / Flickr)
Por que a extrema direita precisa da violência
Entre 1954 e 1975, as forças armadas dos Estados Unidos lançaram 7,5 milhões de toneladas de bombas sobre o Vietnã, o Laos e o Camboja, mais do que as 2 milhões de toneladas de bombas lançadas durante a Segunda Guerra Mundial em todos os campos de batalha. No Vietnã, os EUA lançaram 4,6 milhões de toneladas de bombas, inclusive durante campanhas de bombardeios indiscriminados e violentos, como a Operação Rolling Thunder (1965-1968) e a Operação Linebacker (1972). (Foto: Thuan Pham / Pexels)
O Vietnã comemora 50 anos do fim do período colonial

Leia também

São Paulo (SP), 11/09/2024 - 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo no Anhembi. (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Ser pobre e leitor no Brasil: um manual prático para o livro barato
Brasília (DF), 12/02/2025 - O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, durante cerimônia que celebra um ano do programa Nova Indústria Brasil e do lançamento da Missão 6: Tecnologias de Interesse para a Soberania e Defesa Nacionais, no Palácio do Planalto. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O bestiário de José Múcio
O CEO da SpaceX, Elon Musk, durante reunião sobre exploração especial com oficiais da Força Aérea do Canadá, em 2019. (Foto: Defense Visual Information Distribution Service)
Fascista, futurista ou vigarista? As origens de Elon Musk
Três crianças empregadas como coolies em regime de escravidão moderna em Hong Kong, no final dos anos 1880. (Foto: Lai Afong / Wikimedia Commons)
Ratzel e o embrião da geopolítica: a “verdadeira China” e o futuro do mundo
Robert F. Williams recebe uma cópia do Livro Vermelho autografada por Mao Zedong, em 1 de outubro de 1966. (Foto: Meng Zhaorui / People's Literature Publishing House)
Ao centenário de Robert F. Williams, o negro armado
trump
O Brasil no labirinto de Trump
O presidente dos EUA, Donald Trump, com o ex-Conselheiro de Segurança Nacional e Secretário de Estado Henry Kissinger, em maio de 2017. (Foto: White House / Shealah Craighead)
Donald Trump e a inversão da estratégia de Kissinger
pera-5
O fantástico mundo de Jessé Souza: notas sobre uma caricatura do marxismo
Uma mulher rema no lago Erhai, na cidade de Dali, província de Yunnan, China, em novembro de 2004. (Foto: Greg / Flickr)
O lago Erhai: uma história da transformação ecológica da China
palestina_al_aqsa
Guerra e religião: a influência das profecias judaicas e islâmicas no conflito Israel-Palestina