Pesquisar
,

Há 56 anos, Cuba vencia o analfabetismo

À cartilha adotada para a alfabetização deu-se o nome de Venceremos. De fato, venceram.

por Pedro Marin | Revista Opera
(Foto: Marcelo Montecino)

O ano era 1961. Passara-se dois anos desde quando Fidel e os barbudos desceram a Sierra Maestra e, ao tomar Santa Clara, Cienfuegos e Santiago de Cuba, marcharam até Havana, abrindo caminho para a libertação de um povo que desde a chegada de Colombo, em 1492, era feito prisioneiro dos colonizadores; ora vindos da Europa, ora da América.

Em 1960, Fidel tomava a palavra por quatro horas na Organização das Nações Unidas, e proclamava: “A fortaleza mais importante hoje abriga dezenas de milhares de estudantes e, no próximo ano, nosso povo pretende lutar a grande batalha contra o analfabetismo, com o ambicioso objetivo de ensinar cada habitante do país a ler e escrever em um ano e, com isso em mente, organizações de professores, estudantes e trabalhadores, ou seja, todo o povo, estão se preparando para uma intensiva campanha, e Cuba será o primeiro país da América que, depois de alguns meses, será capaz de dizer que não tem nenhum analfabeto.”

À cartilha adotada para a alfabetização deu-se o nome de Venceremos. De fato, venceram. Mas não foram poucas as dificuldades. Uma delas, é claro, foi a propaganda contra-revolucionária. O mestre-voluntário Enrique Pineda Barnet descreveu-a: “Quando cheguei [no povoado de El Cilantro], os pais, os trabalhadores rurais, escondiam as crianças e diziam que os mestres iam levar suas crianças para a Rússia para fazer embutidos… converter em salame! Esse pânico parece fantasia, mas era muito sério.”

Os 23,6% de analfabetos cubanos, de acordo com senso de 1953, converteram-se em 3,9% após a campanha, em 22 de dezembro de 1961. Hoje, 99,7% dos cubanos podem ler e escrever. Cuba foi o único país a alcançar todas as metas para a educação estabelecidas pela UNESCO nos últimos 15 anos, e criou um programa que ensinou 10 milhões de pessoas em todo mundo a ler e escrever. Enquanto isso, na década de 60, cerca de 45% da população brasileira era analfabeta. Hoje são 13 milhões – 8,3%.

Continue lendo

A cantora e agricultora americana Kelis é a mais recente celebridade a se aventurar na África Oriental, supostamente sob o pretexto da sustentabilidade. (Foto: Kelis / Instagram / Reprodução)
O pan-africanismo sob o domínio das elites
A fumaça branca sobe da Capela Sistina em 2013, na eleição do Papa Francisco. (Foto: Jeffrey Bruno / Flickr)
Frei Betto: breve história das eleições papais
O presidente dos EUA, Donald Trump, durante entrevista a Terry Moran, da ABC NEWS. (Foto: White House / Joyce N. Boghosian)
A extrema-direita não pode ser quebrada com o martelo da razão

Leia também

São Paulo (SP), 11/09/2024 - 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo no Anhembi. (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Ser pobre e leitor no Brasil: um manual prático para o livro barato
Brasília (DF), 12/02/2025 - O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, durante cerimônia que celebra um ano do programa Nova Indústria Brasil e do lançamento da Missão 6: Tecnologias de Interesse para a Soberania e Defesa Nacionais, no Palácio do Planalto. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O bestiário de José Múcio
O CEO da SpaceX, Elon Musk, durante reunião sobre exploração especial com oficiais da Força Aérea do Canadá, em 2019. (Foto: Defense Visual Information Distribution Service)
Fascista, futurista ou vigarista? As origens de Elon Musk
Três crianças empregadas como coolies em regime de escravidão moderna em Hong Kong, no final dos anos 1880. (Foto: Lai Afong / Wikimedia Commons)
Ratzel e o embrião da geopolítica: a “verdadeira China” e o futuro do mundo
Robert F. Williams recebe uma cópia do Livro Vermelho autografada por Mao Zedong, em 1 de outubro de 1966. (Foto: Meng Zhaorui / People's Literature Publishing House)
Ao centenário de Robert F. Williams, o negro armado
trump
O Brasil no labirinto de Trump
O presidente dos EUA, Donald Trump, com o ex-Conselheiro de Segurança Nacional e Secretário de Estado Henry Kissinger, em maio de 2017. (Foto: White House / Shealah Craighead)
Donald Trump e a inversão da estratégia de Kissinger
pera-5
O fantástico mundo de Jessé Souza: notas sobre uma caricatura do marxismo
Uma mulher rema no lago Erhai, na cidade de Dali, província de Yunnan, China, em novembro de 2004. (Foto: Greg / Flickr)
O lago Erhai: uma história da transformação ecológica da China
palestina_al_aqsa
Guerra e religião: a influência das profecias judaicas e islâmicas no conflito Israel-Palestina