Pesquisar
,

São Paulo: Justiça suspende privatização das linhas 5 e 17 do Metrô

A liminar representa uma vitória, ao menos momentânea, para os trabalhadores do metrô, que iniciaram nesta quinta-feira (18) uma greve de 24 horas contra o leilão.

por Pedro Marin | Revista Opera
(Foto: Leo M. Santos)

A 12ª Vara da Fazenda Pública da Capital concedeu nesta quinta-feira (18) uma liminar para suspender a licitação e o leilão do controle de operação das Linhas 5-Lilás e 17-Ouro do Metrô de São Paulo, previsto para sexta-feira (19), fixando multa diária de R$ 1 milhão para cada réu em caso de descumprimento da medida (Fazenda Estadual, Metrô, CPTM, e outros quatro).

Com a decisão, o juiz Adriano Marcos Laroca acatou o pedido de liminar da bancada do PSOL em conjunto dos funcionários do metrô. Há no entanto a possibilidade de recurso da decisão do juiz, que afirmou que “o valor mínimo da outorga dos serviços de operação, manutenção, requalificação e expansão do transporte metroviário das linhas 4-Lilás e 17-Ouro, em torno de R$ 180 milhões, mostra-se muito baixo, à vista dos custos das obras de construção das mesmas linhas, nos últimos quatro anos, em torno de R$ 7 bilhões, ou seja, aproximadamente 3% do custo financeiro de construção das linhas”.

A liminar representa uma vitória, ao menos momentânea, para os Metroviários, que iniciaram nesta quinta-feira (18) uma greve de 24 horas contra o leilão.

Privatizações

O Governo do Estado planejava ainda privatizar as linhas 2-verde e 15-prata, já construídas, e as linhas 6-laranja e 18-bronze, que atualmente estão em construção. Se isso se realizasse, o Metrô passaria a operar somente as linhas 1-azul e 3-vermelha.

“Nós estamos batalhando para impedir que esse processo se propague e se desenvolva nas demais linhas do Metrô. O que queremos é barrar esse processo de privatização, por isso estamos decretando essa greve, que é feita para denunciar um processo que é deturpado e viciado”, disse o coordenador-geral do Sindicato dos Metroviários, Wagner Fajardo.

O sindicato havia anunciado anteriormente ter indícios de que a empresa CCR, que atualmente opera a linha 4-amarela, será a vencedora do leilão, que se realizará na próxima sexta-feira (19) na Bolsa de Valores. Segundo a categoria, a empresa foi a única das concorrentes a realizar um estudo de viabilidade econômica, e é a única a apresentar capacidade técnica para assumir as linhas.

O secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, contestou a denúncia dizendo que “a gente não pode deixar que uma empresa que nunca operou um sistema de trem venha a operar, porque corremos um risco sério. Ao assumir duas concessões, a empresa vai transportar 1 milhão de passageiros por dia. Acreditamos que vai ter concorrência.”

“Não duvidamos que tenha concorrência. O que duvidamos é que a concorrência tenha efeito”, rebateu Wagner Fajardo. Além da questão da concorrência, os Metroviários criticam também o volume do lucro estimado pelo Governo à iniciativa privada. De acordo com as estimativas, o contrato renderá R$ 10,8 bilhões, enquanto lance mínimo do leilão é de R$ 189 milhões, com um investimento de 3 bilhões ao longo de 20 anos como contrapartida. Além disso, caso a demanda de passageiros fique abaixo do estimado, o governo estadual se compromete a compensar a concessionária. “É o capitalismo sem riscos”, criticou Fajardo.

[vc_message message_box_color=”green” icon_fontawesome=”fa fa-money”]A Revista Opera é um projeto independente, e, portanto, depende exclusivamente financiamento de seus leitores. Clique e colabore conosco![/vc_message]

Continue lendo

Primeira Turma do STF julga denúncia sobre o núcleo 3 da tentativa de golpe. (Foto: Rosinei Coutinho/STF)
Diário do julgamento do golpe – Ato 4: “O que distingue as Forças Armadas de um bando?”
O então comandante do Exército, Freire Gomes, ao lado do então presidente, Jair Bolsonaro, durante desfile de 7 de setembro em Brasília, em 2022. (Foto: Alan Santos/PR)
Freire Gomes: no depoimento de um “legalista”, o caminho para a impunidade militar
Novo mapa-múndi do IBGE "inverte" representação convencional. (Foto: Reprodução)
O IBGE e os mapas

Leia também

São Paulo (SP), 11/09/2024 - 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo no Anhembi. (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Ser pobre e leitor no Brasil: um manual prático para o livro barato
Brasília (DF), 12/02/2025 - O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, durante cerimônia que celebra um ano do programa Nova Indústria Brasil e do lançamento da Missão 6: Tecnologias de Interesse para a Soberania e Defesa Nacionais, no Palácio do Planalto. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O bestiário de José Múcio
O CEO da SpaceX, Elon Musk, durante reunião sobre exploração especial com oficiais da Força Aérea do Canadá, em 2019. (Foto: Defense Visual Information Distribution Service)
Fascista, futurista ou vigarista? As origens de Elon Musk
Três crianças empregadas como coolies em regime de escravidão moderna em Hong Kong, no final dos anos 1880. (Foto: Lai Afong / Wikimedia Commons)
Ratzel e o embrião da geopolítica: a “verdadeira China” e o futuro do mundo
Robert F. Williams recebe uma cópia do Livro Vermelho autografada por Mao Zedong, em 1 de outubro de 1966. (Foto: Meng Zhaorui / People's Literature Publishing House)
Ao centenário de Robert F. Williams, o negro armado
trump
O Brasil no labirinto de Trump
O presidente dos EUA, Donald Trump, com o ex-Conselheiro de Segurança Nacional e Secretário de Estado Henry Kissinger, em maio de 2017. (Foto: White House / Shealah Craighead)
Donald Trump e a inversão da estratégia de Kissinger
pera-5
O fantástico mundo de Jessé Souza: notas sobre uma caricatura do marxismo
Uma mulher rema no lago Erhai, na cidade de Dali, província de Yunnan, China, em novembro de 2004. (Foto: Greg / Flickr)
O lago Erhai: uma história da transformação ecológica da China
palestina_al_aqsa
Guerra e religião: a influência das profecias judaicas e islâmicas no conflito Israel-Palestina