Pesquisar
, ,

O legado revolucionário do chileno Miguel Enríquez 

Miguel Enríquez Espinosa foi um médico, político e revolucionário chileno, fundador do Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR).
via Telesur – Tradução de Rebeca Ávila para a Revista Opera

Inspirado pela Revolução Cubana, o médico e político chileno Miguel Enríquez dedicou sua vida à luta por um sistema social mais justo. Nos 45 anos da sua morte, recordamos o seu legado. 

Miguel Enríquez Espinosa foi um médico, político e revolucionário chileno, fundador do Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR). Os partidários da ditadura quiseram ocultar sua vida e morte heróica, mas o seu legado segue sendo uma inspiração nas forças revolucionárias da América Latina. 

Há 45 anos, Miguel Enríquez foi assassinado, tendo sido o líder político mais buscado pelos organismos de segurança da ditadura de Augusto Pinochet. No dia 5 de outubro de 1974 a Agrupación Caupolicán, da Direção de Inteligência Nacional (DINA), encontrou o seu paradeiro e, com dez tiros, pôs fim a sua vida.  

O MIR e o apoio a Allende

Com apenas 23 anos, Miguel Enríquez tornou-se secretário geral do IV Congresso do MIR. 

Em 1967, durante o Terceiro Congresso do MIR, apresenta sua tese político-militar para transformar o movimento em um Partido Revolucionário, sendo fiel aos seus ideais de dignidade, liberdade, justiça, democracia e um sistema social justo. 

O MIR é perseguido, sendo vítima de repressão por parte do governo de Eduardo Frei, pelo que seus integrantes passam à luta clandestina até a vitória de Salvador Allende nas eleições presidenciais chilenas de 1970. Apesar da postura de crítica construtiva que o MIR sempre manteve em relação à Unidade Popular, dado que sua ideologia era mais radical que a de Allende, o movimento mobilizou-se para garantir a proteção do candidato, futuramente presidente, e para participar das tarefas revolucionárias. 

Miguel lidera a luta durante a ditadura 

No dia 10 de setembro de 1973, durante as últimas horas de vida de Salvador Allende, Miguel Enríquez pediu ao presidente que abandonasse o Palacio de La Moneda para continuar a luta através da resistência clandestina. Allende respondeu-lhe: “eu não me movo daqui, cumprirei até a minha morte a responsabilidade como presidente que o povo me entregou. Agora é a sua vez, Miguel”.

Miguel e os companheiros revolucionários continuaram assim a resistência armada, mas o golpe de Estado não pôde ser derrotado e o movimento passou novamente à clandestinidade. 

Condenação dos assassinos de Miguel 

Em 2016, o juiz Mario Carroza decidiu submeter a processo por homicídio qualificado os militares aposentados e agentes da DINA Miguel Krassnoff Martchenko, César Manríquez Bravo e Rodolfo Concha, o ex-carabineiro Ricardo Lawrence e a agente e funcionária civil Teresa Osorio. 

O juiz rejeitou a narrativa oficial de que a morte de Enríquez ocorreu em um enfrentamento: “no dia 5 de outubro de 1974 os agentes, sem qualquer advertência, começam a disparar contra o domicílio, pelo que a vítima e os outros habitantes do imóvel decidem responder, desde o interior. Contudo, diante da impossibilidade de fazer frente aos ataques, Miguel Enríquez, encontrando-se ferido, tenta escapar pelos telhados das casas vizinhas após certificar que está segura [sua esposa] Carmen Castillo. Isto fez, porém, com que os agentes o esperassem para abatê-lo no local, sendo a causa da sua morte feridas de bala facial-crânio-encefálicas”, explicou. 

O legado revolucionário de Miguel Enríquez segue sendo admirado em toda América Latina, pela sua dedicação e consequência com a luta dos pobres. 

Continue lendo

Despedida do Papa Francisco de visita ao México, em 17/02/2016. (Foto: Presidencia de la República Mexicana / Flickr)
A jornada de Jorge Bergoglio, o Papa que tentou reformar a Igreja e não conseguiu
Um mineiro carrega enxofre retirado das redondezas do vulcão Ijen, na Java Oriental, na Indonésia. (Foto: CEphoto/ Uwe Aranas / Wikimedia Commons)
Indonésia, o novo espírito de Bandung e o desenvolvimento industrial
Homens descansam na Plaza Salvador del Mundo, durante ato de beatificação do Monsenhor Oscar Romero, assassinado em 24 de março de 1980 enquanto celebrava uma missa na Capela do Hospital La Divina Providencia. (Foto: Luis Astudillo C. / Cancillería del Ecuador)
Frei Betto: Estados Unidos e o perfil religioso da América Latina

Leia também

São Paulo (SP), 11/09/2024 - 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo no Anhembi. (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Ser pobre e leitor no Brasil: um manual prático para o livro barato
Brasília (DF), 12/02/2025 - O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, durante cerimônia que celebra um ano do programa Nova Indústria Brasil e do lançamento da Missão 6: Tecnologias de Interesse para a Soberania e Defesa Nacionais, no Palácio do Planalto. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O bestiário de José Múcio
O CEO da SpaceX, Elon Musk, durante reunião sobre exploração especial com oficiais da Força Aérea do Canadá, em 2019. (Foto: Defense Visual Information Distribution Service)
Fascista, futurista ou vigarista? As origens de Elon Musk
Três crianças empregadas como coolies em regime de escravidão moderna em Hong Kong, no final dos anos 1880. (Foto: Lai Afong / Wikimedia Commons)
Ratzel e o embrião da geopolítica: a “verdadeira China” e o futuro do mundo
Robert F. Williams recebe uma cópia do Livro Vermelho autografada por Mao Zedong, em 1 de outubro de 1966. (Foto: Meng Zhaorui / People's Literature Publishing House)
Ao centenário de Robert F. Williams, o negro armado
trump
O Brasil no labirinto de Trump
O presidente dos EUA, Donald Trump, com o ex-Conselheiro de Segurança Nacional e Secretário de Estado Henry Kissinger, em maio de 2017. (Foto: White House / Shealah Craighead)
Donald Trump e a inversão da estratégia de Kissinger
pera-5
O fantástico mundo de Jessé Souza: notas sobre uma caricatura do marxismo
Uma mulher rema no lago Erhai, na cidade de Dali, província de Yunnan, China, em novembro de 2004. (Foto: Greg / Flickr)
O lago Erhai: uma história da transformação ecológica da China
palestina_al_aqsa
Guerra e religião: a influência das profecias judaicas e islâmicas no conflito Israel-Palestina