Pesquisar
,

Expressas: em busca de uma tragédia carioca

Afamado por organizar confusões, incluindo quebra da placa de Marielle Franco, deputado bolsonarista organiza motociata contra indígenas da Aldeia Maracanã, no Rio. Famílias conclamam apoio.
Afamado por organizar confusões, incluindo quebra da placa de Marielle Franco, deputado bolsonarista organiza motociata contra indígenas da Aldeia Maracanã, no Rio. Famílias conclamam apoio. Por Pedro Marin | Revista Opera
(Foto: Mídia Ninja)

Na primeira destas colunas expressas, falei da política do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), de acelerar a promoção de chacinas em seu estado visando arrecadar votos por meio de balas. Àquela altura, a última ação havia ocorrido na Favela de Manguinhos, resultando na morte de seis pessoas.

Foi logo superada, no dia 21, por outra ação no Complexo do Alemão, que resultou na morte de 19 pessoas, dentre elas um policial. Nos últimos 14 meses, a cidade do Rio de Janeiro registrou três das quatro operações mais letais de toda a história da capital: no Jacarezinho, em maio de 2021, com a morte de 28 pessoas; na Vila Cruzeiro, em maio deste ano, com 25 mortes; e esta última, no Complexo do Alemão.

Se por um lado a política sicária do governador Cláudio Castro se liga à sua busca pela reeleição, por outro tem a capacidade de semear o caos na Cidade Maravilhosa. Por bem menos, em 2018 foi decretada intervenção federal sobre o estado para “pôr termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro”.

Castro não é o único bolsonarista fluminense a apostar na confrontação e no caos. O deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB), afamado por ter sido um dos boçais a quebrar placa que homenageava a vereadora assassinada Marielle Franco em 2018, organiza para o próximo sábado (6) uma motociata em apoio a Jair Bolsonaro, tendo como destino final a Aldeia Maracanã.

Situada na área do Antigo Museu do Índio, a Aldeia Maracanã é uma aldeia indígena urbana ocupada por indígenas de diversas etnias desde 2006. Em janeiro de 2013, uma parte das famílias deixou a ocupação, depois de obterem uma liminar na justiça impedindo a demolição do prédio do Antigo Museu do Índio. Em março, a polícia retirou os indígenas remanescentes e ocupou a área, que voltou a ser ocupada por famílias indígenas em abril de 2017.

São declarações passadas que denunciam a intenção de Rodrigo Amorim ao organizar sua “motociata”: em 2019, o deputado afirmou ao O Globo que a Aldeia é um “lixo urbano” e que uma “faxina” era necessária no local para “restaurar a ordem”. Segundo o deputado, o espaço “poderia servir como estacionamento, shopping, área de lazer ou equipamento acessório do próprio estádio do Maracanã”. O deputado também organizou confusões no Colégio Pedro II, em outubro de 2019, e mais recentemente uma emboscada a um ato do candidato a governador Marcelo Freixo (PSB) na Praça Saens Peña, na Tijuca, Zona Norte do Rio.

Dentre as famílias na Aldeia há inúmeras crianças. As famílias conclamam apoiadores da Aldeia a auxiliarem na defesa do espaço no sábado (6) às 09h00. 

*“Expressas” é a nova coluna da Revista Opera voltada a comentários curtos sobre algumas notícias. Acompanhe a coluna aqui.

Continue lendo

6x1
Escala 6x1: as desculpas esfarrapadas contra a redução da jornada de trabalho
ratzel
Ratzel e o embrião da geopolítica: a viagem ao Novo Mundo
proclamacao republica
Rodrigo Goyena: “a Proclamação da República foi feita entre oligarquias”

Leia também

sao paulo
Eleições em São Paulo: o xadrez e o carteado
rsz_pablo-marcal
Pablo Marçal: não se deve subestimar o candidato coach
1-CAPA
Dando de comer: como a China venceu a miséria e eleva o padrão de vida dos pobres
rsz_escrita
No papel: o futuro da escrita à mão na educação
bolivia
Bolívia e o golpismo como espetáculo
rsz_1jodi_dean
Jodi Dean: “a Palestina é o cerne da luta contra o imperialismo em todo o mundo”
forcas armadas
As Forças Armadas contra o Brasil negro [parte 1]
PT
O esforço de Lula é inútil: o sonho das classes dominantes é destruir o PT
ratzel_geopolitica
Ratzel e o embrião da geopolítica: os anos iniciais
almir guineto
78 anos de Almir Guineto, rei e herói do pagode popular