A pesquisa Datafolha, que aponta o governo com a menor aprovação em três mandatos (somente 24%), explodiu como uma bomba, catastrófica.
A reação imediata do campo governista é o grito: “precisa mudar!”
Mas o governo Lula parece caminhar para o matadouro.
Mudar como? Demitir Haddad? Revogar o arcabouço? Parece impossível. Seria o rompimento radical com a base do governo: o capital financeiro, o agronegócio, o Centrão.
Mudar agora, no exato momento em que Lula prepara a entrega do governo para o Centrão?
Mudar o curso quando Haddad e Galípolo dizem que é preciso desacelerar a economia?
Mudar o curso quando o governo está liquidando com a capacidade de investimento do Estado e privatizando como nunca antes na história deste país?
Mudar depois de o BC avisar que virão pelo menos mais duas ou três cacetadas nos juros?
Mudar de que jeito se, diante da alta nos preços dos alimentos, a palavra de ordem é “nenhuma hetedoroxia!”?
Não há qualquer sinal de mudança à frente.
Ou melhor, há. A fantástica vitória dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, trabalhadores do campo e trabalhadoras da educação, com apoio de estudantes e intelectuais contra o clã Barbalho, aponta o caminho da mudança. A luta nas ruas pelo fim da escala 6×1 também.
Quanto ao governo, não se pode dizer que foi por falta de aviso. A esquerda tem indicado desde meados de 2023 que o curso atual levaria ao desastre.
(*) Mauro Lopes é jornalista e apresentador do programa “Manhã Brasil“. Atua desde os 16 no jornalismo, a princípio no jornal independente Cobra de Vidro. Foi editor do Painel da Folha de S. Paulo, apresentador do programa “Giro das 11” no Brasil247 e do programa “Fórum Café”, na Revista Fórum.