“Fidel pode não ser cristão na fé, mas sem dúvida o é na prática, pois deu comida a quem tem fome, água a quem tem sede, saúde a quem estava doente etc. Cuba é hoje, apesar das dificuldades, um país sem miseráveis e de boa qualidade de vida.”
A afirmação é do teólogo, escritor e jornalista Frei Betto, que relançou em São Paulo, na última segunda-feira (18), o livro “Fidel e a Religião”, resultado de mais de 23 horas de conversas com o líder cubano.
“Teve início em fevereiro de 1985, quando participei de um jantar no qual ele estava e solicitei uma entrevista curta, para servir de epílogo a um livreto que pretendia escrever sobre Cuba, destinado ao público jovem. Ele agendou a entrevista para maio daquele ano. Ora, ao ter notícia de que havia mais de 3 mil pedidos de entrevista a ele sem resposta, mudei o projeto e elaborei 64 perguntas, centrando na questão religiosa”, conta Betto, a quem Fidel se refere, no livro, como o único homem vivo capaz de convertê-lo.
“Ao retornar a Havana em maio, Fidel se desculpou por estar demasiadamente envolvido no lançamento da rádio anticastrista José Martí, em Miami, e por isso não poderia dar a entrevista. Lembrei-me do pescador de “O velho e o mar”, de Hemingway: ou pescava agora ou nunca mais. Tanto insisti, que ele cedeu. Foram 23 horas de gravações em quatro dias.”
A nova edição do livro – que já foi publicado em 32 países, e, somente em Cuba, vendeu mais de 1,3 milhões de cópias – conta com um prólogo atualizado e com notas contextualizadas para o leitor de hoje. Além dos diálogos sobre o tema da religião, o leitor encontrará também descrições do próprio Fidel sobre a guerra revolucionária em Cuba e o processo de edificação do socialismo no país.