Hoje muitos de nós ganhamos um dia de “folga” por conta do feriado. Mas muitos não sabem o motivo deste feriado tão importante.
A classe trabalhadora aparece como classe na História em meados do século XIX, após diversas expropriações que camponeses sofreram ao longo do tempo. Literalmente foram expropriados, expulsos das terras e jogados às margens das cidades que estavam crescendo graças à indústria. E que momento histórico é este que devemos relembrar? A Revolução Industrial.
Um importante historiador inglês chamado E.P. Thompson retoma o pensamento do velho Karl Marx ao dizer que “o tear manual gerou a sociedade do senhor feudal; o tear a vapor, a sociedade do capitalista industrial”. E não era apenas o proprietário da fábrica, mas também a população trabalhadora trazida a viver junto e ao redor dela que parecia “nova” aos “seus contemporâneos.”
O tempo mudava, a História estava em mudança, as forças produtivas estavam mudando. O tear manual perdeu espaço na sociedade contemporânea, moderna; perdeu espaço para as maquinarias, a indústria. E nesse processo emaranhado surge um novo sujeito na história, um sujeito político novo: o proletariado. Esse operário que começou a viver nas cidades grandes, industriais, trabalhava exaustivamente por um salário mísero, com o qual mal conseguia sobreviver. Cargas exaustivas de trabalho que chegavam de 12 horas/dia a 16 horas/dia. A exploração era cotidiana e os direitos trabalhistas não existiam à época.
Dois países são de extrema importância citarmos, pois serão o palco dos atos dos quais estamos falando: França e Inglaterra. Ambos países vivem na virada do século XVIII para o XIX suas Revoluções Burguesas; a França com a sua saudosa Revolução Francesa (1789) com seus ideais que tremulavam em sua bandeira tricolor e que perduram até hoje: Liberdade, Igualdade e Fraternidade (Liberté, Egalité, Fraternité); A Inglaterra com sua grandiosa Revolução Industrial. A França vivia uma verdadeira revolução Política; A Inglaterra uma revolução Econômica. (A Alemanha viveria à época também uma grande “Revolução” no campo da Filosofia, mas isso é assunto para outra hora).
Contudo, os trabalhadores na França estavam insatisfeitos com suas condições, e saem às ruas nas jornadas de Junho em 1848. Os trabalhadores foram às ruas exigindo a República Social, o Direito ao Trabalho. Foram chacinados. Pela primeira vez na história a bandeira vermelha tremulou ao vento (por mais que tenha gente que insista erroneamente em pensar que a bandeira vermelha foi cria do PT). A chamada Primavera dos Povos fora um episódio importantíssimo para a Europa no século XIX, na Europa Central e Oriental – usamos o exemplo da Polônia, país subjugado pelo tacão do Czarismo, a monarquia Russa que perdurou por mais de 300 anos no poder. Por 18 meses a Europa sacudiu-se, as monarquias tremiam sentadas em seus tronos e os trabalhadores exclamavam por seus direitos. Todavia, foram fortemente reprimidos e chacinados. A Primavera dos Povos é abortada, afogada em seu próprio sangue. O episódio de 1848 deveria ocupar mais as páginas dos livros de História.
Após décadas e décadas de muita luta, os sindicatos, após organizarem-se, conquistam o direito do trabalhador de reduzir sua jornada de trabalho de 16 horas/dia para 8 horas/dia. Trabalhadores organizados estipulam que o dia 1º de maio seria o dia em que os mesmos sairiam às ruas para reivindicar a redução da jornada de trabalho. Atos na França, Inglaterra, Estados Unidos, etc. O dia 1º de Maio historicamente é um dia de luta.
Em 1886, nos Estados Unidos, eclode a Revolta de Haymarket. No dia 4 daquele mês, uma bomba explode próximo a policiais num ato político dos trabalhadores, inicialmente pacífico, em prol da jornada diária de 8 horas. Os policiais em resposta abrem fogo contra os trabalhadores, em uma ação que resultou em dezenas de feridos, uma centena de presos e quatro óbitos. Nos processos que deram sequência ao episódio supracitado, oito anarquistas são acusados por conspiração (um deles condenado por ser o fabricante da bomba, embora não houvesse prova concreta contra os réus). Sete são condenados à morte e outro condenado à prisão perpétua pelo Estado de Illinois. Em homenagem aos trabalhadores de Chicago e em memória ao episódio de Haymarket, a II Internacional declara o dia 1º de Maio como Dia Internacional dos Trabalhadores.
No Brasil o 1º de Maio foi declarado feriado no governo do então presidente Arthur Bernardes, em 1925. E no dia 1º de Maio de 1943 criou-se a CLT no Brasil (Consolidação das Leis de Trabalho).
Parabéns a vocês, mulheres e homens; parabéns ao seu dia, trabalhador, pois é você que move esse mundo. A moça da padaria que serve o café todas as manhãs, a senhora que limpa a calçada diariamente por onde pisamos, o motorista do transporte público que nos leva do ponto A ao ponto B. Sem o trabalhador, as engrenagens dessa sociedade não funcionariam. E por mais que os dias sejam difíceis, na exploração cotidiana, no cansaço diário, não se pode perder a esperança de que viveremos dias melhores. Não podemos perder as esperanças de viver numa sociedade em que a condição de livre desenvolvimento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento de todos.