Fidel Castro constitui, sem dúvidas, a figura mais emblemática da luta contra o imperialismo. Lembramos alguns dos momentos mais importantes de sua vida, registrados pelo Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficas (ICAIC).
1 – “O dia mais longo” (Rebeca Chávez, 2011)
Durante mais de meio século, um registro histórico ficou perdido. Trata-se da primeira entrevista audiovisual que Fidel Castro concedeu após o triunfo da Revolução Cubana, em 4 de janeiro de 1959, às vésperas de sua entrada em Havana, quando ainda estava em Camagüey.
Este material de grande importância foi rastreado e encontrado por Rebeca Chávez nos arquivos cinematográficos do Instituto Cubano de Rádio e Televisão (ICRT), que o apresentou pela primeira vez nas telas durante o 33º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano. Chávez é historiadora e jornalista, além de cineasta, e trabalhou durante oito anos com Santiago Álvarez no ICAIC.
Na entrevista, Fidel detalha os eventos ocorridos nos últimos dias do ano de 1958 e nos primeiros dias de 1959, quando o movimento de libertação cubano 26 de Julho conseguiu derrubar Batista, dando início ao processo revolucionário mais profundo da história da América Latina.
2- “A crise dos mísseis” (Noticiero ICAIC, 1962)
O Noticiero ICAIC Latinoamericano é um dos principais registros documentais das primeiras décadas da Revolução Cubana. Dirigido pelo emblemático cineasta Santiago Álvarez, sua primeira edição foi ao ar no dia 6 de janeiro de 1960. Muitos dos diretores que participaram dessas produções tornaram-se importantes referências da sétima arte na ilha, que nasceu a partir do documentário. É o caso de Fernando Pérez, Rolando Díaz e Daniel Díaz Torres, entre outros.
O primeiro noticiário foi dirigido por Santiago Álvarez e se chama “Crise no Caribe”. Em apenas 18 minutos, se resume o evento conhecido como “crise dos mísseis”, ocorrido em 1962, a partir do qual os Estados Unidos iniciaram o brutal bloqueio econômico e militar contra Cuba. A obra culmina com uma intervenção magistral de Fidel na ONU, em que detalha os interesses e a forma de atuação do imperialismo norte-americano na América Latina e na África.
3- “O diálogo da América, conversas entre Salvador Allende e Fidel Castro” (Augusto Olivares, 1972)
Em novembro de 1971, Fidel Castro viajou ao Chile, onde se encontrou com o presidente Salvador Allende. O encontro, que aconteceu na casa presidencial Tomás Moro, foi documentado pelo jornalista Augusto Olivares e pelo cineasta Álvaro Covacevich. Em 2011, por ocasião do 39º aniversário de morte de Salvador Allende, a TV Pública argentina voltou a transmitir esse trabalho memorável.
4- “Meu irmão Fidel” (Santiago Álvarez, 1977)
Este breve documentário relata o encontro entre Fidel Castro e Salustiano Leyva, o senhor que, quando criança, abrigou José Martí junto com sua família, quando o libertador cubano desembarcou em La Guajira, avançando mais uma vez em sua luta pela independência.
Salustiano e Fidel conversam durante todo o documentário sobre aquele encontro. Salustiano faz referência constante à continuidade de Martí em Fidel, ainda que não perceba que está sendo entrevistado por ele, devido à sua idade e visão comprometida. Este documentário foi realizado durante as filmagens da última cena de “A guerra necessária”, que foi apresentada em 1980.
5- “A marcha do povo combatente” (Noticiero ICAIC, 1980)
Este trabalho constitui o Noticiero ICAIC nº 967 e foi um dos últimos que Santiago Álvarez dirigiu. O documentário retrata a marcha multitudinária realizada em Havana em 1980, onde marcharam mais de um milhão de cubanos. Isso ocorreu num contexto em que a Revolução Cubana sofria uma série de atentados, como o ocorrido em 1976 no avião da companhia aérea Cubana de Aviación em Barbados.
A obra mostra uma das maiores campanhas de desinformação que os meios de comunicação hegemônicos internacionais ensaiaram contra Cuba. Desse modo, trata de uma forma de manipulação social aplicada constantemente contra os governos latino-americanos que não se alinharam ao governo norte-americano, cuja prática se intensificou e se sofisticou nos últimos anos.
Bônus – “A guerra necessária” (Santiago Álvarez, 1980)
Este trabalho foi dirigido por Santiago Álvarez, com roteiro de Rebeca Chávez, e reúne testemunhos de lideranças fundamentais da Revolução Cubana, que relatam em primeira pessoa como começou o processo revolucionário. Em seus relatos, Fidel Castro, Raúl Castro, Juan Almeida, Celia Sánchez, Haydée Santamaría reconstroem a história que fizeram parte, desde o México até o desembarque do Granma e a longa batalha pelo triunfo da revolução contra a ditadura de Batista.
O título é retirado do manifesto martiniano publicado em 1895 com o mesmo nome, no qual José Martí argumentava por quê não existiam condições para alcançar a liberdade por meios pacíficos. Este conceito, retomado no embasamento histórico-ideológico dos revolucionários cubanos e especialmente por Fidel, permanece no substrato do povo cubano.