“Não vamos tolerar ataques como esse contra quem defende a população do nosso estado!”, declarou Cláudio Castro (PL), governador e pré-candidato bolsonarista à reeleição no Estado do Rio de Janeiro. Se referia à morte de seis pessoas na Favela de Manguinhos por policiais civis, na última terça-feira (12), durante uma operação da Polícia Civil na favela. Segundo a corporação, um grupo de policiais do Esquadrão Antibombas se dirigia à Cidade da Polícia quando foi alvejado por criminosos.
Liderança da Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro, Derê Gomes deu testemunho de que o governador tem realizado “chacinas eleitoreiras” no estado: “Na falta de propostas concretas para os problemas do povo como desemprego, fome, educação e saúde, o governador autoriza chacinas quase que semanais para tentar se reeleger com o voto da extrema-direita.”
Sob a estranha normalidade democrática que vivemos no Brasil desde a “transição transada” parir uma redemocratização sob tutela militar – e com anistia ampla, geral e irrestrita, até para golpistas e torturadores –, ajudar a matar nas favelas é normalmente uma das atribuições dos governadores no País. Agora tornou-se ferramenta para obter votos. Misturar tão diretamente o sangue alheio com o processo democrático é, no entanto, coisa perigosa, à qual homens como o governador deveriam atentar. Desse tipo de depravação podem nascer outras inflexões: que, por exemplo, os alvos preferenciais destas campanhas eleitorais passem a acreditar que a sua única garantia democrática seja atirar de volta.
*“Expressas” é a nova coluna da Revista Opera voltada a comentários curtos e rápidos sobre algumas notícias do dia. Este é o primeiro deles.