O endividamento do setor público será bem maior este ano. Segundo projeção do Banco Central (BC), a dívida líquida do setor público, que é um balanço entre o total de créditos e débitos dos governos federal, estaduais e municipais, deve corresponder a 44,7% de tudo o que o país produz (Produto Interno Bruto – PIB), ao final deste ano.
Em dezembro de 2015, essa relação ficou em 36,2%. Em maio último, o percentual chegou a 39,6%. A previsão do BC é que neste mês a dívida alcance 41,2% do PIB.
Para fazer essa projeção para o final do ano, o Banco Central levou em consideração a expectativa de um déficit primário (receitas menos despesas, sem considerar os gastos com juros) de 2,63% do PIB previsto na Lei de Diretrizes Orçamentários (LDO), além de projeções do mercado financeiro para inflação, câmbio e taxa básica de juros e a estimativa do BC de queda de 3,3% do PIB.
Por esses parâmetros, a estimativa para a dívida bruta, que contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais, deve chegar a 73,3% do PIB este ano. Em maio, a dívida bruta chegou a 68,6% do PIB. Para este mês, o BC projeta 69,1% do PIB.
Se a projeção para o endividamento for feita com base na estimativa do mercado de déficit primário de 2,25% do PIB, a dívida líquida vai chegar a 44,3% do PIB este ano, e a bruta, a 72,9% do PIB.
Contas públicas
De acordo com dados divulgados hoje (29) pelo BC, o setor público consolidado – formado por União, estados e municípios – registrou déficit primário de R$ 18,125 bilhões em maio, o pior resultado para o mês na série histórica, iniciada em dezembro de 2001. Em maio de 2015, houve déficit primário de R$ 6,9 bilhões.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o resultado negativo de maio foi “significativo, mantendo a tendência de déficits superiores a iguais períodos do ano passado”.
“Essa trajetória reflete o descompasso que se observa já há algum tempo na evolução de receitas e despesas. No acumulado do ano [de janeiro a maio], temos uma evolução de 4,3% das receitas em termos nominais [sem descontar a inflação] contra um crescimento das despesas de 11,3%”, acrescentou. Lopes explicou que a queda da atividade econômica tem reduzido a arrecadação de impostos.