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Colômbia: começa o ano eleitoral

No dia 29 de maio de 2022 a Colômbia celebrará eleições presidenciais. Até o momento, o ex-guerrilheiro Gustavo Petro lidera as pesquisas.
No dia 29 de maio de 2022 a Colômbia celebrará eleições presidenciais. Até o momento, o ex-guerrilheiro Gustavo Petro lidera as pesquisas. Por Javier Calderón Castillo e Sergio Pascual | CELAG – Tradução de Pedro Marin para a Revista Opera
O ex-guerrilheiro e ex-prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, provável candidato presidencial pelo Pacto Histórico. (Foto: Gustavo Petro Urrego / Flickr)

No dia 29 de maio de 2022 a Colômbia celebrará eleições presidenciais. Será preciso superar 50% dos votos para evitar um segundo turno, que se celebraria no dia 19 de junho caso seja necessário.

Uma vez terminado o prazo de inscrição dos candidatos independentes, os partidos que optarem por concorrer em coalizões deverão inscrever seus pré-candidatos no Registro Nacional de Estado Civil antes do dia 11 de fevereiro de 2022. Os partidos que escolherem se apresentar sozinhos nas eleições deverão fazer constar seu candidato presidencial durante o mês de fevereiro.

As eleições primárias interpartidárias – nas quais as coalizões elegem exclusivamente seu candidato a presidente – serão celebradas no dia 13 de março, coincidindo com o processo eleitoral que renovará a totalidade dos assentos do Congresso (108 no Senado e 188 na Câmara de Representantes).

1 – Coalizões eleitorais presidenciais

  • Pacto Histórico (progressista):

Segundo as normas do Pacto Histórico, o ganhador das primárias – que provavelmente será Gustavo Petro – será o candidato a presidente, enquanto o segundo colocado será o candidato(a) à vice-presidência (a melhor situada para essa posição é neste momento Francia Márquez, do Polo Democrático Alternativo – PDA).

O Pacto Histórico inclui forças com representação no Congresso como a Colombia Humana (de Petro), o PDA, a União Patriótica e o MAIS (​​Movimento Alternativo Indígena e Social). Foi incorporado à coalizão, além disso, todo o arco de partidos pequenos e médios da esquerda colombiana, como o da ex-candidata presidencial Clara López ou o Partido Comunista Colombiano e, finalmente, setores independentes vinculados ao Partido Verde (como o ex-governador de Nariño, Camilo Romero), ao Partido Liberal (como o senador Luis Fernando Velasco) e inclusive próximos do ex-presidente Juan Manuel Santos (como o senador Roy Barreras).

O Fuerza Ciudadana, movimento liderado pelo governador de Magdalena, Carlos Caicedo, e o Comunes, dos ex-combatentes das FARC (com 5 senadores e 5 representantes na Câmara), apoiam Gustavo Petro, mas não se alinham para as eleições no  Congresso.

  • Coalizão Centro Esperanza (centro):

Se encontra imersa em uma profunda disputa pela definição de seu candidato. Nesse momento – e às custas das primárias de 13 de março – Sergio Fajardo aparece primeiro na intenção de voto, com 43,5%, seguido por Juan Manuel Galán (do Nuevo Liberalismo, filho de Luis Carlos Galán, candidato presidencial assassinado em 1989) com 32,4% e, finalmente, Alejandro Gaviria (ex-ministro de Juan Manuel Santos) com 9,5%. O candidato ganhador das primárias escolherá sua fórmula vice-presidencial.

Essa candidatura conta principalmente com os apoios do Alianza Verde, Nuevo Liberalismo, Compromiso Ciudadano (partido de Sergio Fajardo) e Dignidad (do senador outrora membro do PDA, Jorge Robledo), além de importantes setores do Partido Liberal (o ex-ministro do interior Juan Fernando Cristo ou Humberto de la Calle, ex-candidato presidencial do Partido Liberal em 2018, entre outros).

  • Coalizão Equipo Colombia (direita):

A integram Enrique Peñalosa (o camaleônico ex-prefeito de Bogotá e ex-candidato presidencial pelo Partido Verde) junto ao ex-prefeito de Barranquilla, Alejandro Char (do partido de centro-direita Cambio Radical) e o ex-prefeito de Medellín, Federico Gutiérrez (que foi prefeito pelo Partido Liberal, mas se considera próximo a Uribe). Em intenção de voto aparece primeiro Gutiérrez (26,4%), seguido por Char (26,1%) e em terceiro lugar Peñalosa (22,7%).

Esta coalizão é mais sólida em termos de aparatos partidários, com uma forte presença territorial: Partido Conservador, com 14 senadores e 21 representantes, Partido Cambio Radical, 15 senadores e 30 representantes, e Partido de la Unidad Nacional (santista), com 12 senadores e 25 representantes na Câmara.

Se considera provável uma aliança desta coalizão com o partido de Uribe (Centro Democrático, atualmente com 19 senadores e 39 representantes na Câmara). De acordo com o calendário eleitoral, a data limite para defini-la seria o 11 de fevereiro.

  • Coalizão Nos Une Colombia (ultraconservadora):

Coalizão de partidos evangélicos com representação no Congresso: MIRA (Movimiento Independiente de Renovación Absoluta) e Colombia Justa Libres. O candidato será John Milton Rodríguez, atualmente senador.

2 – Partidos e candidatos presidenciais que não realizam primárias:

  • Rodolfo Hernández, empresário e ex-prefeito de Bucaramanga. Se apresenta como candidato independente e segue um discurso antipolítico e antipartidos. Na pesquisa Invamer Gallup de dezembro aparece com nada desprezíveis 13,8% das intenções de voto.
  • Oscar Iván Zaluaga: candidato do Centro Democrático (uribismo). Concorreria sozinho se não se incorpora à Coalizão Equipo Colombia. Zaluaga foi ex-ministro da Fazenda de Uribe (em 2014 ganhou o primeiro turno presidencial com 29%).
  • Partido Liberal: o histórico partido é o com maior poder territorial na Colômbia, com maioria nas bancadas da Câmara de Representantes (35) e 14 senadores. Governam em 15 estados (de 33) e controlam 202 prefeituras (de 1102).

Até hoje, porém, o PL vive uma profunda crise. O apoio a Duque tanto na votação de 2018 quanto durante a legislatura fez com que membros notáveis ​​como Fernando Cristo ou de la Calle se juntassem à Coalizão Centro Esperanza. Por sua vez, o presidente do partido e ex-presidente da República, César Gaviria Trujillo, inicialmente optou pela candidatura de Alejandro Gaviria, mas depois lhe deu as costas e decidiu ser o candidato presidencial da Coalizão Centro Esperanza, uma coalizão que incorporou o reitor, mas que rejeita categoricamente o apoio do presidente liberal.

Finalmente, o senador Luis Fernando Velasco já é pré-candidato presidencial do Pacto Histórico, enquanto outros setores encabeçados pelo ex-governador de Antioquía, Luis Pérez, apostam pela aliança do Partido Liberal com o Pacto Histórico.

Nesse contexto e no atual cenário, o mais plausível é que o histórico partido colombiano não apresente candidato presidencial próprio, já que está atomizado nas três principais coalizões.

Pesquisas de intenção de voto para eleições presidenciais na Colômbia. (Fonte: CELAG)
Imagem dos possíveis candidatos às eleições presidenciais na Colômbia. (Fonte: CELAG)
Imagem dos possíveis candidatos às eleições presidenciais na Colômbia. (Fonte: CELAG)

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